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sexta-feira, novembro 08, 2013

Beatriz


Beatriz

Amanhece Beatriz
Se sente bem
Algo serena...agora
Ela abre a janela do quarto
O sol banha sua face sem lágrimas
Seu olhar se perde
Como dardos feitos de desejo
No olhar que percorre a estradinha na frente de sua casa

O sol sorri Beatriz
A estrada beija Beatriz
Os sapatos altos de Beatriz

Mas nem sempre foi assim
Beatriz foi diferente...
Lembranças feitas de farpas
Tudo era um medo constante
Como se algo a espreitasse sempre
No escuro com serpentes
Escorpiões
Ou tigres famintos

Beatriz desconfiada
Beatriz passos em falso
Beatriz não me via...

Para ela o mundo estava como um cenário de guerra
Relações difíceis
Seriedade doentia
Exaustão
Foi quando os medicamentos entraram...

Beatriz contra a parede
Beatriz olhares sem piedade
Beatriz incontáveis cigarros

O arame torna-se amigo do equilibrista
Então olhei para Beatriz e disse:
-Beatriz, vida pesada demais...é preciso saber abrir mão...de algo...
Nossos silêncios se tornaram cumplices
Ela: É preciso abrir mão Fabiano? Desapegar dos nós cegos
Para que nós possamos planar...

Beatriz me abraça
Beatriz volta lentamente a si
Beatriz sementes que libertam

E seu olhar vaza pela janela aberta
De um sol que sorri para Beatriz
E uma Beatriz que sorri ao sol.


Luís Fabiano.




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