Nada mais é permitido. Vivemos a era do nada é mais
permitido.
Engraçada e triste essa era. Não se pode entrar nos lugares tomando
cerveja, não se pode fumar em determinados lugares. Eu não fumo, mas acho uma
imbecilidade atroz esse negócio de leis anti-fumo. Não se pode encostar na
escada, não se pode andar sem crachá. Não pode mijar de porta aberta em um bar
onde nenhuma garota tem coragem de entrar.
Não dá pra estacionar o carro sem um
imbecil de um flanelinha venha encher o saco. Nada é permitido. Devemos sair na
rua perguntando afinal o que pode fazer antes que um segurança brutamontes
resolva nos encher o saco. Antes que um panaca com o QI risível resolva exercer
sua autoridade. Como ele deve ser sentir bem com esse poder que ele tem fazer
cumprir a lei.
Odeio seguranças. Já fui expulso de tantos lugares que
perdi a conta. Houveram vezes mais amenas, como na noite que estava quase
comendo um linda garota, e o segurança até que legal... nos convidou para sair
e lá fora pediu desculpas. Eu não reagi. Naquela noite eu estava
particularmente feliz.
As pessoas não enlouquece. Vivem no seu mundinho
politicamente correto julgando aqueles que saem da linha, dos que não aceitam
dançar qualquer som abjeto. É um mundo besta pra caralho esse que a gente vive”.
Extraído da obra: Bagana na Chuva de Mário Bortolotto.
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