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quinta-feira, outubro 17, 2013

Navalhadas Curtas: Sementinha do mal




Navalhadas Curtas: Sementinha do mal

Fui numa padaria nas imediações do porto. Fila e mais fila. Parecíamos decrépitos insanos e doentes, a espera da cura. Mas não...era só a espera do queijo fatiado! Três mulheres a minha frente... falavam demais...falavam e não diziam absolutamente nada.

O assunto era a novela, o dilema da novela, o porquê da novela. Ok, mas elas tratavam aquilo que se fosse a coisa mais importante deste mundo... Naturalmente eu já as odiei. Tudo bem, odeio muita gente.
Peguei o pão e o queijo, me dirigi ao caixa...e lá estavam elas novamente, ainda explorando a profundidade dos fatos “reais” da novela. E uma, que pensava um pouco menos que as outras disse:

-A novela é a vida real... é exatamente assim que acontece na vida...
Comecei a rir. Uma coisa é certa, se você quer saber como as coisas não são... basta assistir a novela... e a puta me fala aquilo, como se fosse um documento.

Era hora de terminar com a excessiva felicidade falsa.
Então avancei na fila, para pedir uma informação no caixa a frente delas esbarrando com o ombro nelas, elas me olham, e eu falo para o atendente:

-Me diz uma coisa meu chapa, qual é o horário de menos movimento na padaria?

Era uma pergunta suspeita demais. O cara me olha... e titubeia para responder, por fim eu sorri pra ele, ele fala:

-Senhor, é na parte da manhã e no início da tarde.
-Obrigado, foste de grande importância.

As mulheres já não estavam falando mais nada... então ele me pergunta:

-Tu não vai vir assaltar né?

Então olhei para as damas, depois para o caixa e fui firme na entonação, disse:

-Eu ainda não decidi isso...

A fila ficou silenciosa, o caixa não falou mais... as mulheres foram juntando suas tralhas e saindo algo assustadas.
Havia silencio, no local.
É o que eu digo, a paz das pessoas por vezes é o sacrifício de outras pessoas. Quando a felicidade não está com você...ela está com alguém.


Luís Fabiano.


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