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segunda-feira, outubro 07, 2013

Jorjão e Putinhas



Jorjão, um trem descarrilhado e putinhas da crakolandia

Parte1

Madrugada profunda. Noite, noite, noite a puta bandoleira incinerando a vida, brilhos loucos antes do amanhecer. Puta que pariu... Deus da porra... me deixe viver, uma vida louca a cento e oitenta por hora. Excedendo todos os limites, excedendo velocidades, excedendo as emoções... o excesso que conduz a iluminação. Tenho certeza disso. É preciso ultrapassar a zona ordinária onde as pessoas comuns se limitam... por medo, por ignorância e para ter a certeza que suas vidas chegarão a oitenta? Noventa ou cem anos?  Boa. Me parece uma ótima maneira de viver, viver tudo pela metade, para chegar ao máximo!! Tremenda mentira.

Nesta noite particularmente, eu estava insano. Sim, sou movido pelo imponderável, um cavalo louco rasgando a noite em trilhas feitas de fumaça e enxofre. A garrafa de rum já estava pela metade. Ótimo, tremendo combustível, tremenda disposição, neste estado as estradas se tornam tortuosas, ruas de asfalto se retorcem como serpentes negras, as pessoas ficam com a cara que realmente tem. Os medos fogem em disparada, e de alguma forma tudo se torna claro. Eu um bêbado meditante budista, observando a vida.
Humanidade fudida.

O telefone toca. É Jorjão.

-Alouuu... porra Jorjão, bem que poderia ser uma puta qualquer...me ligando essa hora...mas não...
-E ai Fabiano...eu não sou a puta... mas seguinte, to com umas aqui...
-Aqui onde?
-No Blue Bird... e vou te dizer, elas estão em uma animação barbara...
-Porque tu não come as duas sozinho? Ligou porque, pô?
-Seguinte cara, tu mora aqui perto... e eu to sem carro... e tu e mais o fudet ai... podemos levar as vadias para ponte velha de Rio Grande... e come-las vendo Pelotas de lá... adrena total hein...
-Sei...elas devem ser muito lindas né?
-Bah...tens que ver que coisinhas...cara...só filé...
-Elas tem dentes?
-Sim...tem, e não é dentadura...
-Legal. Ok, daqui a pouco chego ai...
-Certo...tu é o melhor, não vais te arrepender...

Desliguei a merda do celular. Mas tinha a impressão eu iria me arrepender rápido. Freud explica, sabe como é... muita propaganda para tudo na vida, significa que não é algo bom. Coisas boas se impõe naturalmente por sua qualidade, como quase tudo na vida, uma questão de confiança. Eu não confio em Jorjão. Viciado, malucão, gosta de uma confusão, ta sempre na noite, é um cara casado, e a mulher dele deve ser uma santa imagino...ou tão louca quanto ele, puta talvez.  Ou talvez seja amor mesmo, vai saber? Para aturar algumas coisas. Por amor as pessoas fazem quase tudo... fazem muita merda também.

O copo sobre a mesa gritava: me bebe seu filho da puta. Então entornei o meio copo de rum inteiro... minhas veias incendiaram... senti um tontura imediata. Agora era cair no olho do furação.
Olho o relógio, são uma e quinze da manhã. Puta merda, como eu gosto destes horários. Nestes horário os vampiros já saíram para rua. E agora era minha vez.

Coloco uma camiseta branca e um tênis e saio. No estacionamento do prédio, uma introdução do que a noite prometia. Um casal se arretava forte dentro de um carro... nem se deram conta que passei do lado... a moça gemia com alguma ternura graciosa, me excitei. Tive vontade de para um pouquinho, e bater uma boa punheta vendo-os ali...tão à vontade, gosto de shows sexuais, e de graça melhor ainda, mas não.

Entrei no kadett, deia a partida e liguei o rádio. Tocava Mercedes Sosa, uma boa pedida. Tranquila é verdade, talvez tranquila demais para meu atual estado de espirito. Em alguns segundos eu chego no Blue Bird. Sensacional, o bar esta cheio no meio da semana. Estaciono carro, e fico olhando de longe Jorjão e as moças na mesa. Penso: e ai?
Elas pareciam terem sido resgatadas da cracolândia. “Lindas”... magras, com um certo aspecto sujo e gargalhavam como se tivessem em um galpão. Puta merda... Jorjão é sempre assim, mas ao que pude ver do carro, realmente ele tinha razão, elas tinham dentes.
Desço e vou em direção a mesa deles. A vida até parece uma festa...sou rapidamente apresentado a Luana e Renata, irmãs...

-Fabiano...mas que honra cara... esta é Renata  e Luana...

Luana a mais a vontade... vem e já me cumprimenta dando um beijo, esta 
com um vestido justinho preto, ela tem um cheiro de sovaco vencido, a sua irmã Renata esta com uma calça dessas coladas na bunda e tem um cheiro típico de xoxota suja. Eu gosto. As duas eram excitantes...loucas e dispostas a incendiar o planeta. Difícil achar gente assim por ai.
Elas não paravam de falar...agitadas.
A atendente me pergunta:

-Rum Fabiano?
-Não-não, vamos de cerveja agora...pra ver o que vai dar...
-Pelo que to vendo vai né... ?

Renata era uma metralhadora, o assunto dela agora era o novo Shopping. Me pergunta o que acho?

-Não sei...ta lá, um dia talvez vá... mas por hora não me interessa em nada, não gosto de novidades...
-É? Como tu és devagar cara... acho que deverias ir lá...rápido é muito lindo... o lugar é amplo Pelotas agora deu um salto no futuro... o ônibus lá da vila deixa na porta e tudo.

Não entro em discussões... tratei de esquecer Renata, que me parecia vazia demais. Tenho um limite de gente vazia e fútil que posso tolerar. E Renata era estupida demais. Jorjão sacou a parada e já foi atalhando:

-E ai Fabiano... e o Fio da Navalha?
-Que tem ? Ta lá cara... com tudo...

Luana se interessa pergunta:

-O que é Fio da Navalha?

Jorjão atalha:

-É um Blogão que o Fabiano aí tem... ele escreve umas merdas e entrevista umas pintas ai da cidade...

Tava nem aí pra isso... olhava agora para as tetas de Luana. Ela devia estar com frio, os bicos duros marcavam o vestido...uma poesia linda aquilo. Ela percebe:

-Tu gostas Fabiano?
-Sim baby...certamente.

Luana parecia não gostar de questionamentos falsos ou papo furado. Um tipo puro, que vive e depois questiona se for a caso. Tinha um olhar ferino de quem já se fudeu muito, e portanto agora resta viver o melhor possível.

-Fabiano...o Jorjão quer fazer um surubão com a gente... mas na boa, não to afim de dar pra ele...
-Sei... questão difícil de administrar Luana... mas vamos ver o que podemos fazer...
-Não queria ver a minha irmã fudendo...também...tenho princípios...
Afinal ela não era tão porra louca assim. Todo mundo tem um limite...massa, lembrei de um poema lindo:

Limite, limite
O gatilho engatilhado está no limite
A última gota de veneno, segundos antes da morte
Um decimo de segundo, antes de bater em poste a 180km
Meteoro antes de chocar-se com a terra
E o dente do vampiro a um milímetro da carótida
Todas estas coisas tem em comum algo:
A espera do milagre no exato instante...
Ele virá?

Jorjão sacou a parada, e já foi berrando, naquele melhor estilo confusão:

-Aí ó... seguinte meninas, tem que fudê, tendeu? Tamo aí pagando a bebida geral, e croquetinhos, a vida não é de grátis tá ligado? Tudo tem preço porra...há, há, há....

Jorjão começa a chegar no limite. Porque sai de casa? Pra comer a Luana? É.
Levantei da mesa e chamei Jorjão num canto do bar...

-O Jorjão... calma cara... te liga, surubão não vai dar... a mina não quer dá pra ti...
-Não tem essa Fabiano...não tem essa... buceta é buceta tá ligado? To ai trovando as vagabundas a horas... te chamei pra finalizar a parada...e eu quero fuder com as duas, isso que eu quero... quero uma chupando o meu pau e a outra lambendo o meu cu... é isso aí...
-Ta legal Jorjão...mas a coisa vai te ser de boa...sem forçar cara...
-Que forçar...elas querem uma grana pra comprar um aditivo...tá ligado? Narega e tals... dinheiro...
-Tudo bem...tudo isso é muito lindo...poesia pura, então assim... tu tenta... se a mina der o contra...tu aborta a missão, ok?
-Ok...mas não tem essa de abortar a missão.

A confusão já era certa. Por vezes você precisa se comportar como um rato. Quem nunca se comportou assim? A porra do navio está afundando, então você salta ao mar. Várias vezes fiz isso... relacionamentos que naufragavam a olhos vistos... você pula no mar, tenta nadar e sobreviver sozinho.
Voltamos a mesa, e agora Jorjão estava decidido...

-Bueno meninas é hora do show, “show time”...hein... vamos embora?
-Claro amor- diz Renata, Luana fica em silencio...

Eu avaliei a situação...brigar com o Jorjão não era uma alternativa. Forte, estivador, bêbado...poder de destruição é grande...

-Jorjão eu não quero ir – diz Luana...
-Não tem essa possibilidade Lulu...
-Jorjão relaxa cara...
-Acabou cara...seguinte, vamos todo mundo agora pro motel... e fuder bem gostosinho... olha o meu pau aqui como tá...

Jorjão tava realmente transtornado, bem mais que o normal...devia ter ingerido algo mais forte que a cerveja... queria fuder de todo o jeito. E agora rato? Pular no mar? Precisava resolver aquilo e ainda tentar comer a Luana.

Segue...

Luís Fabiano.



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