Navalhadas Curtas: Senhor Ansiedade
Eu entro no elevador do meu prédio. Aperto o quinto
andar...o quinto inferno. Quando a porta ta quase fechando um senhor por volta
dos 65 entra, e da última baforada do cigarro dentro do elevador. Fico olhando
pra ele, então:
-Opa...é, sabe...eu vou pro sétimo andar...
Eu não havia perguntado nada, pouco me importa pra onde
ele vai, mas claro como era um elevador ele só poderia ir até o sétimo mesmo,
ele segue:
-É, eu moro aqui no sétimo. O senhor acha que hoje vai
chover? Ta com jeito né...ontem fez um dia assim e depois abriu... o dia ficou
lindo...
Eu seguia sem dizer uma única palavra. Eu já estava
odiando ele. Seres irrequietos são chatos naturais...e agora mesmo eu não
falaria nada, o puto segue:
-É...eu tenho esperança que abra(tosse carregada de
catarro), vai saber né... a vida a gente nunca sabe...nunca...
Eu olhava os números dos andares...existem seres que são
capazes de dobrar o tempo, outros de encurtarem, aqueles 45segundos pareceram
uma eternidade... eu não o conhecia(não conheço meus vizinhos) e não queria
conhecer, nem nesta vida e nem na próxima...
Meu andar chega, ele ainda “sapateava” dentro do elevador,
se sacudindo de um lado para outro...dava a impressão que estava com tição no
cu...
Quando to saindo do elevador ele: “tchauuuu amigoooo”...
Eu olho pra ele e não digo nada...mas mudo de ideia...
Reabro a porta do elevador e digo: chato!
A porta ia se fechando e abro novamente...e: chato pra
caralho!!! Chato! Chato!
A porta se fecha...
Luís Fabiano.
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