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segunda-feira, agosto 05, 2013

Toni Feroz - Final



Estela, Toni Feroz, merda e alguns traumas...
Final.

Estela parecia incomodada com aquilo também. No meu entender, havia coisas demais acontecendo ali... Era preciso dispersar. Pergunto a ela:

-Que foi Estela?
-É a minha amiga... Ali... Apanhando...
-E ai?
-Não sei entro nessa... pra ajudar... Tenho medo...

O povo estava aos gritos. As pessoas gostam de guerra, de brigas e gostam de levantar a taça com o vencedor, mesmo que seja um vencedor de merda... Ninguém gosta dos derrotados.

-Olha aqui... Acho que você não parece em condições de se meter nisso... E além do mais, se você tá em duvida é porque não quer...
-É... é..

Ela estava enxugando as lagrimas.
Eu já achava que não deveríamos estar ali... Que deveríamos beber um pouco mais, anestesiar tudo. Mas que merda, a vida tá sempre a 180 km por hora... Será que dá pra desacelerar?

Fiquei olhando briga, as putas eram boas, sopapos, socos e chutes na cabeça da mais bonita... Era a poesia fantástica dos alucinados sebentos.
Estela apreensiva, quando finalmente a coisa pareceu acalmar, liguei o carro e saímos dali, andando bem devagar. Gosto de andar assim... A quarenta, deixando a lenta do carro tomar conta de tudo... eu só olho a paisagem, as sombras do porto as três da manhã, são coisas lindas, as vezes tiro fotos de Pelotas Tatuada, as vezes paro em algum lugar ermo, ou uma mijada no meio da rua... Coisas que dão pra fazer no inverno, vou deixando minhas marcas por ai... Pedaços de Fabiano, cagados e mijados nas ruas de Pelotas. Eu não estava feliz agora. A angustia de Estela havia me contaminado. Tava a fim de despacha-la em uma encruzilhada da vida, e seguir a minha... É foda, por vezes você se cansa dos problemas dos outros. Não quero mais saber dos problemas dos outros... Quero viver... Quero que o mundo viva, e esperar o próximo instante a próxima respiração...

Isto também acontece, por vezes como um pescador maldito você lança suas linhas... E pega nada... Olhei para Estela... Ela me cansava, Estela triste demais... Acabada, chapada, cheirada, suja, cheirando a noite... fudida talvez? Talvez.

-E ai Estela... Tá bem?
-To bem nada... Me ferrei, minha vida já era...

Estacionei o carro nas proximidades do Porto... Um navio parado ali... meio no escuro, dava o tom, imóvel ancorado, aquele lugar não era muito seguro esta hora...  A vida é risco. Desliguei o carro e o radio. O Kadett agora era uma arena. Iriamos exorcizar demônios... Ou iriamos fuder e talvez morrer ou ser assaltados... Vai saber.

-Estela o que houve? O que aconteceu pra te deixar assim?
-Deu tudo errado... Tudo errado.

Ela era aquele tipo de pessoa que tem muita pena si mesma. Conheço muita gente assim, que sofre e gosta de sofrer. Você escolhe. Conheço gente também que passa por cima de traumas... Gosto dessas... Gente que não consulta um terapeuta porque a sua vida deu merda, elas engolem a merda toda... digerem tudo e a vida segue...

-O que foi que deu errado?
-Fabiano... meu casamento para começar...
-É? Tudo bem... Sabes quantos meus deram errados? Todos... Mas conta ai...

Eu já estava beirando a indignação, quando isso começa a acontecer fico meio brutal...
Ela faz uma carinha triste...

-Bem tu sabes que quando eu era mais nova, eu era tipo, meio pura... Minha cabeça era cheia de ideias... Queria casar virgem, muito embora tu também saibas que eu transava, mas a virgindade vaginal era um titulo que eu queria carregar... e carreguei.

-Sei...

Grandes merda pensei.

-Depois nós nos afastamos... Tu te mudaste para outro local... Bem e minha vida também mudou. Arrumei um emprego legal... e tudo se encaminhava para que eu encontrasse depois do emprego uma pessoa bacana...que me fizesse feliz...

-Acho que teu erro tá aí... as pessoas não te fazem feliz... É você feliz ou não é feliz... Colocar a felicidade em cima dos outros, é terrível... Mas segue...
-É demorou um pouco para que tudo acontecesse, mas aconteceu...

Eu pensava comigo: puta merda Fabiano que ideia idiota... Tu imaginou que iria comer essa moça?? Começava a ficar com vontade de deixa-la mesmo...

-Então eu conheci o Toni. Nossa um cara super educado, gentil e lindo. Aquilo foi algo... Uma questão de três meses e estávamos saindo e curtindo juntos. Tudo estava certo agora... Em minha mente eu iria casar com esse cara... Teríamos filhos... viveríamos uma vida boa. Ele trabalhava em uma empresa que estava bem sucedida... Me trazia flores, me enchia de carinhos... Um doce.

-Desse pra ele?
-Dei... mais ou menos...

O semblante de Estela agora era uma tristeza pungente.

-Em uma questão de um ano, nos casamos. E até aquela noite, eu não havia transado com ele na frente... só atrás... Ele entendeu na boa, Toni era maravilhoso, que homem paciencioso e tranquilo.
Eu pensava: onde esta a minha garrafa de rum?? Puta que pariu.
-Sei Estela...e onde foi que o paraíso ruiu?
-Bem quando então compramos nossa casa... E casamos tudo certinho. Na noite de núpcias... Toni havia bebido um pouco mais... Estava meio diferente, a voz rasgada, meio despenteado... Com um olhar que até a li eu não havia visto nele.

Chegamos ao quarto tirei o vestido de noiva, fui ao banheiro para vesti algo lindo que havia comprado para nossa primeira noite como esposos... Teria que ser especial... Compre um baby doll francês... justinho...para provoca-lo mais... Coisa linda...

Estela respira fundo, como se buscasse folego para colocar pra fora tudo aquilo... Como uma novela dos infernos, agora eu queria saber a porra do final... já que a puta havia me alugado todo esse tempo... Então foda-se... vamos lá.. Vamos beijar o rabo do capeta...

-Então quando sai do banheiro... Toni estava pelado... Peludo como um urso e o pau muito duro, ele te tem pau grande... Mas não sei. Então quando a porta se abriu... Ele começou a debochar de mim: QUE ISSO ESTELA? HEIN? QUE MERDA É ESSA QUE TU VESTIU? TA PARECENDO UMA CADELA... HÁ,HÁ,HÁ...TIRA ESSA MERDA E VEM PRA CÁ PUTA... Então ele me agarra... Rasga a roupa toda... Eu não entendia nada do que estava acontecendo... Toni nunca foi assim... Toni era legal...Toni...(ela começa a chorar). 
Aí ele me agarra... Coloca o pau de uma única vez na minha buceta virgem Fabiano!!! Que dor horrível... E Toni agora não parecia mais Toni... Toni era o diabo, Toni era o lobo alfa da matilha... ele enfiava o pau de novo e de novo e de novo sem parar... Gemendo com feito um animal, Toni um porco me estuprando e rindo as gargalhadas, me chamando de puta, vadia cadela. Toni se transformou em uma hiena feroz... Me atacando e não parava, não parava... Tirava o pau da buceta e colocava no cu de uma única vez... E de novo, aquilo durou um tempo internável, ele era um bicho... Só parou três horas depois, porque estava cansado e porque viu muito sangue nas roupas de cama... Eu sangrava e não conseguia emitir nenhum som... nada...eu me perguntava quem era o homem?? Quem era aquele cara? Rindo feito um louco, me comendo feito um animal... Gargalhava como um bêbado alucinado.
-Ual... Estela... Ele nunca fez nada semelhante?
-Nunca, jamais... Toni era o meu príncipe encantando... que se desencantou e me estuprou...
-Príncipe encantado o caralho... e depois?
-Depois ele não mudou mais... Toni era uma farsa... Como pode? Toni passou há beber todo dia... Quando me recuperei, ele transava comigo todos os dias... era uma foda horrível... Ele sempre com aquele pau duro feito um ferro quente... então enfiava em mim a seco mesmo, no cu, na buceta... Tudo me lembrava da primeira vez... Machucava e ele gozava... E acabava... Todos os dias... Mais de uma vez por dia... Depois disso começou a me bater... Toni é feroz... me batia quando não gostava da minha cara...eram tapas fortes.
Um dia ele me pegou conversando com um vizinho que era veado... Estava conversando nada demais... Toni veio... Toni deu um soco no queixo do cara... O cara apagou... e Toni chutou ele varias e varias vezes, aos gritos: morre filho da puta...mexe com a mulher dos outros...ela é minha mulher, morre...morre... Eu sou o Toni Feroz!Seu veadinho de merda.
-Estela e como você resolveu a situação?
-Não resolvi... Sai de casa... e não volto nunca mais. Conheci outras pessoas... Que ajudaram... Inclusive aquela minha amiga lá do bar, que me deu acolhida...
-A que estava apanhando?
-É...

O chão se abriu debaixo de meus pés. Seres humanos são foda. Mesmo com tudo certo... É difícil ser justo. Vidas individuais, pensamentos individuais, sentimentos individuais, é uma briga consigo mesmo para viver, para estar em paz, para ser feliz... Não quis mais ouvir aquilo. Eu pensava agora na amiga dela que havia apanhado... Onde estaria? O que é preciso acontecer em nossas vidas, para que as coisas tenham um significado profundo? Hein? Você já se fez essa pergunta? Que merda.

Liguei o carro e voltei para o Bar, que ainda estava movimentado. A amiga de Estela estava lá, encostada em uma parede, sangrava um pouco na testa... Não parecia ser sério, parecia estar dormindo bêbada...
Encostei e desci, Estela me acompanhou... Pegamos a moça e colocamos no carro...  Ela estava com uma saia muito curta... E acho que havia esquecido de usar a calcinha... bem... Não dá pra deixar de notar essas coisas... Mas não era caso agora...

Quando você se envolve com algo... É preciso ir até o fim, eu fui.
Juliana estava machucada... Mas não iria morrer. Levei as duas para casa de Juliana. Estela estava muda no caminho, consumida por mais uma culpa. Chega de Estela. Abrimos a porta, peguei Juliana no colo, como um noivo pega a noiva, ela estava flácida. A deixei no sofá... Parecia mais confortável.
Estela pega agua quente... Curativos e começa a limpar as feridas da amiga. Eu me sentei na poltrona... Não sei o que senti. Lembrava da briga...  De Toni Feroz... Das lagrimas de Estela... Senti que me faltava o ar e o estomago nauseado.

-Estela, vou indo. Por hoje chega... Não quero mais nada.
-Obrigada Fabiano... Hoje tu foste um anjo...

Ficamos nos olhando... Acho que não sou um anjo.

Luís Fabiano.




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