Máquina de fuder
Nunca quis ter todas as respostas da vida. Me preocupei
em fazer as perguntas certas... A resposta é uma questão de tempo... E se não
for, bem, então foda-se. Mas quem de nós não andou por aí... Meio obcecado por
alguma coisa? Movido pela paixão quase doentia, de querer algo... querer é
muito importante, mas como tudo, deve-se ter uma certa dose de tranquilidade.
Em um tempo atrás, não muito, me sentia cansado. Cansado
de tudo, cansado de viver, cansado das bebidas, das putas e, sobretudo das ex-mulheres.
É complicado quando se tem quase uma dúzia delas... E mais os problemas, que causei
entre tantas idas e vindas, puta merda.
Não sou devorado pela culpa... Me considero um filho da
puta autentico, o que fiz... De certo e errado não me arrependo, fiz conscientemente,
sabendo das consequências. A real, que eu fui trocando uma mulher pela outra...
E pela outra... E ai já era. Viva a vida, sei plenamente que me aturar não
fácil... Mas fazer o que? O amor tai pra justificar tudo e qualquer coisa... Você
mata por amor, você barbariza por amor, você fica insano... E a porra o amor é
culpado.
Por vezes lembrar destas merdas faz sangrar velhas
feridas... Mas tudo bem, me sinto vivo, o preço de estar vivo, é machucar e
machucar-se. Por isso abri o rum, e calibrei um copo potente, o primeiro gole
rasgando a alma... É bom. Vou até o som, e coloco The Doors... A noite começa
assim a fazer o seu desenho.
Não sei se quero ir pra rua... Não sei se quero encontrar
outras almas... Mas vamos devagar, uma coisa de cada de vez... Beba Fabiano... Beba
forte... Beba e depois quando a cidade parecer mais mole, e os prédios se
dobrarem... Ai as coisas estarão mais ou menos como são, nada é exatamente como
é... Absolutamente nada, a poesia dos malditos reverbera na intimidade humana,
onde o sacro e o lodo pululam como lava, somos o vulcão prestes a entrar em
erupção, e a planície adocicada dos sonhos perdidos.
Vou até a janela, o quinto andar, a cidade brilha nesta
noite, faróis, ambulâncias, neon gasto, estrelas... Aquilo tudo falava em uma
voz muda... The Doors e noite. Eu começava ter ideias “geniais” e quem sabe,
morrer fudendo?
Uma morte capital, feita de sangue, muco vaginal, porra,
suor, mijo e um pouco de merda? Segui bebendo o rum... O rum me deixa afim de
qualquer coisa, me deixa com vontade de fazer merda, é como colocar um trem nos
trilhos e dar corda... E depois solta-lo... é, eu já estava rindo sozinho...
Não perco tempo... Lembro de Lisa.
Lisa é um espécime de outro planeta. Ela é meio louca,
meio bêbada, meio velha, meio drogada, meio limpa, meio suja e meio terapeuta...
Sim, ela trata seres humanos... Realmente não sei seu tratamento funciona.
Sempre brinco com ela, chamando-a de Lisa Simpson... Mas na real ela não gosta
de saxofone, prefere soprar “cobras criadas”.
Eu não falava com ela muito tempo, mas lembrei dela,
porque ela disse uma vez pra mim: Fabiano, eu quero morrer... E quero morrer
fudendo, fudendo feito louca, fudendo muito meu preto...
Agora a ideia parecia boa.
Naturalmente quando ela falou isso, havia se drogado... E
não estava em condições sexuais de nada... Era uma metralhadora de palavras... E
tantas palavras me irritam... Fui embora e a deixei pelada na cama daquela vez,
dizendo: vai se fuder Lisa... quando passar essa chapa toda, tu me liga... Beijo
puta. Ela gargalhava. Bem depois disso, não nos falamos mais, agora ali estava
eu, a tela brilhante do celular e seu nome em traços brancos... liguei, nada a
perder:
O telefone toca algumas vezes e Lisa atende, voz rouca,
meio rasgada... Bêbada era como se a noite que fui embora tivesse continuado:
-E ai Lisa... Tudo bom?
-Fabiano?
-Eu... E ai...
-Porra cara... achei que tu tivesse morrido...
-Ainda não, o criador creio eu, me renega por lá...
-Cara, que criador? Tu vais pro inferno e sem volta... (
ria alto)
-Gostei disso, Lisa... gostei... Inclusive tais palavras
me excitaram... To tocando no meu pau...
-É? Legal... E tá duro?
-Sim... Ta com cheiro
forte de sexo... Você gosta?
-Puta merda Fabiano... Não provoca cara...
-Como não? Hoje quero morrer e matar fudendo...
-É? Então vem pra cá... Porque eu também quero morrer
fudendo... Tipo uma parada cardíaca fulminante... sem dó e sem dor...
Estou com o pau duro e tocando nele... Dou uma boa
cheirada em minha mão... O cheiro ta ótimo... Mescla de porra e urina... Cheiros
da vida, me sinto um cavalo, um jumento e um touro...
-Quanto tempo você precisa?
-Nenhum tempo, vem pra cá... tudo que precisamos aqui... bebida,
comida...etc...
Sabe quando você sente condenado? A hora que chega... Não
perdi tempo. Desligo o fone e mato o copo de rum em uma golada fatal... Como um
soco no decimo segundo round... Tudo causa um estrago... Significativo.
Desço, pego o Kadett, que esta molhado em uma noite fria,
dou a partida e ligo o radio. Sempre faço isso, deixo o motor rolar de leve,
como um coração batendo lentamente... Tentando trazer vida ao corpo
inanimado... Tento não pensar em mais nada. Nós ficamos o tempo todo tentando
medir a existência... Medir os passos e nisso vamos nos cagando de medo de
viver...
E não fazendo mais nada, vamos tentando sobreviver? Isso basta? Mas
que porra é essa? Sobreviver é fácil, viver é difícil, sobreviver, cavalos,
cabras, vacas e galinhas sobrevivem... Viver já requer um pouco de arte.
Vou arrancando devagarinho, tudo me parece flácido... Postes
se dobram, as grades do prédio parecem de borracha, as ruas feitas de gelatina
viscosa... E as pessoas? Essas pareciam seres advindo de desenhos animados... Não
pareciam de verdade... A real é que poucas pessoas são de verdade... Álcool
mistura, rum... É como o ácido diluindo tudo...
Vou subindo a Deodoro... Em direção a casa de Lisa... Que
fica no final da Deodoro. O radio toca uma musica com uma mulher que não
conheço... Com uma voz aguda demais. Não gosto de vozes agudas... Prefiro as
graves, mulheres que cantam em tom grave...
Chego a casa de Lisa. Luzes acesas, toco a campainha... A
velha abre com uma cara feliz, vestia preto, calça preta justa, um blusão
escuro e cabelos longos soltos... Contrastando com o preto, meio loira e meio
cabelo branco. Lisa tem orgulho dos brancos de seus cabelos e pentelhos. Nos
abraçamos sem falar coisa alguma... Sabem como é... A morte não avisa quando vem. Vamos até a
sala, nos sentamos ela esta agitada mas muda. Como alguém que perdeu a voz e
deseja muito falar... Eu tento quebrar:
-Lisa... e ai...
-Diz nada não... Nada.
Então , sem bebidas ou drogas, nos entregamos em um beijo
longo, beijo asfixiante. Ela tentava sugar o ar de mim e eu dela, mãos
passeando pelo corpo, éramos um bonde frenético de desejos selvagem... fomos
arrancando as roupas, e ela vestia uma calcinha em estilo pele de cobra... Coisa
rara e adorei... Lisa exalava cheiro de puro desejo, não havia tomado, gosto do
cheiro de mulher assim... Com cheiro intimo intenso... Cheiro de fêmea...
Fomos
nos deixando levar, minhas mãos percorreram suas fendas... A buceta molhada,
babada e inchada, coloquei dois dedos nela, enquanto sugava seu grelo... Ela
gemia como uma cadela de alucinações, eu queria morrer... Eu queria matar...
Lisa agarra meu pau e coloca todo na boca... Quer mais... Quer tudo... Suga com
muita vontade... Pressiono sua cabeça contra mim... A fazendo quase vomitar... ela
parecia linda assim... Gritos, gemidos e suor...
Lisa sobre mim... agora... Enfia
o pau todo nela... e diz que não vai parar até morrer... Agora esta aos gritos:
quero morrer... quero morrer... Me mata filho da puta.
Eu estava disposto a isso... Disposto de verdade. Me
mantenho firme... Ela rebola... ela cospe... Ela tira da buceta e enfia no
cu... E depois inverte a operação... Lisa goza... e goza novamente e goza
novamente...eu estou ali...
Ela queria parar agora... Havia tido sete orgasmos... Eu
queria seguir... Ainda não havia gozado... e não sei se gozaria... Foda-se
Lisa... Agora o cão maldito te pegou... Agora você terá um encontro com a
morte, agora você já era...
Lisa grita, lisa esta desesperada... Quer que eu
pare... Mas não paro... Ela esta inchada... E o pau segue dentro dela... Ela
em empurra... Ela chora agora, estamos
os dois molhados... O pau se converteu em um arpão Lisa, o dente do tubarão... Tenta
me conter, mas a cada estocada a buceta dela se comprime... Lisa parece linda,
parece a boneca animada das fantasias sexuais... Puta, cadela, inchada... E
sangra também... E quer mas não quer...
Agora eu também estou aos gritos... Vamos morrer Lisa... Vamos
morrer... Eu quero morrer...Lisa me beija...Lisa fode comigo... Seremos
espirito fudidos de deus... Aquilo me leva a gozada... O rabo dela esta cheio
da minha porra...
Dos filhos que jamais terei... A porra e a merda.
Ela meio que chora... Meio que sorri... E desce, fica
sugando mais o pau... Recém-gozado... Aquilo dói... Ela diz: agora vou me
vingar filho da puta... Fica chupando o pau... um prazer que converte-se em dor
e que não acaba, isso é uma tortura... e ao mesmo tempo é bom...é ruim, mas é
bom... Ela quer arrancar meu pau com os dentes... Morde, suga e geme... Isso dói
muito...
Quero que ela pare... Mas ela cravou as unhas em minhas pernas... e
tudo sangra... Excita... Eu acabo gozando novamente em sua boca... E ela não
para... O pau esta mole... E ela segue chupando... Agarrando as bolas... Então
para de-repente... Tem os olhos arregalados de susto... leva a mão no próprio
peito:
-Lisa... Lisa... Que foi? Lisa...
Ela foi se apagando como uma vela no vento... Vou até
ela... Ela respira... O coração parece bater estranho... Mas batia... A vadia
havia mordido meu pau... Estava sangrando nas pernas... Levantei, fui até o
bar, peguei um uísque, direto da garrafa, voltei para junto de Lisa... e
despejei whisky na cara dela... Ela acorda, meio tossindo engasgada... A bebida
entra pela boca, pelo nariz... se mistura ao sangue...
Então ela começa a gargalhar...
-Acho que eu morri... Cara eu morri...
-Va se fude Lisa... Não morreu não...
-Cara eu me vi fora do corpo... E deus falou comigo...
Puta que pariu... E essa agora.
-Tá, e oque deus te disse?
-Disse... Para mim mudar minha vida... Que eu torne a falar com a minha filha...
-Por que tu não falas com ela?
-Nos brigamos... E ela foi embora, nunca mais procurei
também... Minha cabeça é resolvida... sou terapeuta ta ligado?
Balancei a cabeça positivamente.
Eu estava cansado... Meu pau doía muito... Sangrava nas
pernas... E estava sem forças... Mas não havia morrido... Talvez morrer assim,
não seja tão fácil. Ficamos bebendo o uísque, deitados e no bico... Estamos
podres de bêbados... Sujos... Exalando um cheiro que pouco lembrava o ser
humano, mas eu gostava... Estava cansado, Lisa também... O corpo pesava, a
bebida fazia seu papel de anestesia... Fomos adormecendo, acho que não
estávamos nem vivos e nem mortos.
Luís Fabiano.