Navalhadas Curtas: Paz interior...
Bar cheio, garrafas de cerveja vazias sobre a mesa, putas
sorridentes e caras a procura de algo. Gosto de frequentar bares baratos. Eu
conversava com Francisco, que não gostava que lhe chamassem de Chico, ele me
olha sério depois de uns copos de cachaça:
-Fabiano... Preciso de paz cara... de paz interior...
As vezes tais coisas não me fazem sentido algum. Houve um
tempo que procurei paz interior... Até perceber que paz interior, te dá apenas
paz interior. Isso me parece idiotizante.
-Pra que, Francisco tu queres paz interior? Que vais fazer
com ela?
-Sei lá... Ficar tranquilo, trabalhar menos, amar uma
mulher de verdade, trepar com ela pelas manhãs... E pouquinho de dinheiro também...
É isso...
-Isso não tem nada de interior! Tá e depois? E depois
digamos de uns cinco anos?
Francisco ficou me olhando... Bêbado, olhar vazio e uma
resposta que todos dizem... E querem, mas o foda, é que o ser humano raramente
sabe o que quer.
-Sei lá... Depois eu vejo. Tu não queres paz interior?
-Eu tenho paz, mas como tudo na vida, em excesso
converte-se em veneno.
Tenho paz, e isso não é furtavel... Mas não sempre... Quero
vida Francisco, quero intensidade, quero um boquete a 180 km por hora... Quero
tudo e nada.
Neste instante inicia uma briga no bar... Dois caras
brigavam por uma mulher que parecia não se importar com nenhum deles... Acho
que ela tinha paz interior.
Luís Fabiano.
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