Navalhadas Curtas: Banda no Cemitério
Eu estava caminhando nas imediações do Cemitério, lá no
Fragata, quando encontrei Marceli. Gosto de putas arrependidas.
Ela era uma delas. Nos abraçamos, fazia tempo que não nos
víamos. Todos temos um passado... Às vezes mais de um, quem não deve é um
mentiroso:
-Marceli... Por aqui? Tudo beleza?
-Fabiano... sim...que bom te encontrar.
Notei o quanto ela estava séria. Antes faria escândalo,
talvez tirasse a calcinha ali na rua. Ela já fez. Trepei com ela na antiga
pista de skate. Bons tempos. Já foi.
-É Marceli... que tu fazes por aqui?
Ela sorriu triste olhando para o cemitério, eu senti que
deveria tirar o pé do acelerador.
-Tu indo visitar meu companheiro... (apontou para o
cemitério)
-Desculpe Marceli... Não quero incomodar...
-Não gostarias de ir comigo?
Achei que devia esta gentileza... E educação. Fui. Quando
chegamos ao túmulo do marido de Marceli, tudo muito cuidado, como se ela
tivesse cuidando de um vivo.
Flores em perfeita ordem, frescas, limpo, a foto sem
poeira. Aquilo me tocou. Ela ajoelhou, ficou em silencio olhando a foto do
marido... apenas o olhando. Depois disse ao marido:
-Orlando, este aqui comigo é o Fabiano... Um grande amigo,
ele veio comigo hoje.
Cumprimentei o Orlando.
Marceli estava bem emocionada, eu senti um aperto no
peito... Eu entendi tudo.
Tenho minhas
saudades também.
Luís Fabiano.
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