Eu, Irmãs gostosas, Challenger, brigas e ranho.
Parte 2
Comecei a cantarolar: Exuparade, Exuparade, Exuparade... Do
Otto, rindo. Ela matou a charada de cara.
-Esse é o Fabiano, cantando Otto?
Falou como se eu não estivesse na sala.
Puta, gostei. Existe um prazer mórbido de ser ignorado,
você é parte da decoração, ninguém te nota, isso facilita as coisas... você é o
verme que não faz diferença. Gosto de não fazer diferença.
Sorri meu melhor sorriso de idiota, tirando a mão da
buceta da mana dela...
-Eu mesmo... E tu, quem é?
-Milene...
-Legal... Mi, muito prazer... Quer dizer, ainda não
sei...
Ela olha para irmã e diz:
-É com esse idiota que vamos sair?
-Calma mana, ele tá se fazendo... de imbecil...ele é
bacana...
-Não parece...
Pensei comigo... Putinha de merda... Ta fudida comigo já.
Todos nós podemos nos tornar malévolos em algum
momento... Com diz o bom Elifas Levi, o Mago: ”se você quer envenenar, e ter
certeza que funcionará... se envenene primeiro, para envenenar”.
Sorri sarcástico... Eu beberia pra caralho esta noite... Elas
beberiam comigo... mas eu não estaria tão bêbado...e depois... Foderia as
duas... E antes de amanhecer quando estivessem detonadas, chapadas e cansadas...
Eu desapareceria como um fantasma elétrico, com a pica mole e feliz... O
destino traçado da porra existencial.
É isso, você nunca sabe exatamente quando alguém quer te
fuder. Vida silenciosa, cobra arrastando-se a sombra, beijo de cicuta, carinho
feito sonhos e desejos enclausurados... Presentes do diabo.
-Fica tranquila Milene... Vamos sair... e depois vemos, a
vida deve ser uma surpresa...amore-mio.
Por detrás daquela fantasia escura de Milene, algo se
ocultava. Era traumatizada com toda certeza. Elas se drogaram um pouco mais... Me
ofereceram... Mas pó realmente não me interessa. Sou um bêbado convicto.
Saímos. Agora dentro do Kadett, rodávamos pela cidade,
cidade melancólica numa noite fria, ruas molhadas, sinceramente não me
interessava mais a rua.
As queria... nos amaríamos como putas encantadas, como
a humanidade em guerra... Como mortes sucessivas, o qual ninguém se importa... ninguém.
Ruas do porto, Bar do Zé lotado... Elas se animaram agora:
-Fabiano... É aqui mesmo... Nosso povo tá aqui...
-Quem é o povo de vocês?
-A rua... gente...drogas - diz Mirela...
-Gente que sabe o que faz da vida – diz Milene...
-Porra meninas... que profundidade...
Sinceramente, tanta consciência me deixava aborrecido.
Gente consciente é um tédio, não muito diferente de um
trem nos trilhos... Dia após dias... vivendo vidas fudidas e achando
fantástico. Foda-se, que cada um bata a sua punheta como gostar.
Descemos, e um pagode acontecia. Eu era um ET entre tanta
gente. Em seguida Mirela e Milene encontram sua “turma” e como era o natural...
Estou só novamente, eternamente. Tudo bem... Creio que por isso que prefiro
sair sozinho... e partir disso deixar a vida fluir...sem esperanças, sem
expectativas, sem desejos outros que não seja o instante, minha maneira de
viver.
Me encosto ao balcão, fico trocando uma idéia com Tiago,
um conhecido:
-Porra, Fabiano... Quem são as gostosas que te veio?
-“Amigas”... quer dizer nem sei o que são...
-Já comeu elas?
-Uma delas já... a outra eu tinha aí uns planos...mas
creio que nada eras...
-Porra Fabiano... Legal... Porra legal...
Tiago é meio mongo, retardado, limítrofe talvez, sempre
fala as mesmas coisas... Anda sempre pela rua... E nunca o vi com mulher. Gosta
de ficar de bar em bar... falando com desconhecidos, mas o papo nunca é muito
profundo. Se você ta afim de falar... Ele
é bacana... você fica falando...e apenas concorda... E pergunta se você comeu,
essa ou aquela. Noite perfeita essa.
Bebi duas cervejas apenas para dar um “plim”, o álcool torna
tudo mais leve, é como o combustível para o balão de hélio. Fiquei olhando para
uma morena, que dançava sozinha... Fazia uma dança sexy, balançando a bunda,
tinha uma expressão doce sorria sozinha. Pura poesia aquilo. Vida dinamitada, e
escombros criando paisagem no ar... Poeira assentando em nossos vazios.
Nem
pensei em comê-la... Queria apenas ficar olhando aquilo... aquele balanço... Enquanto
as pessoas passavam batidas por ela... Sorri,
a beleza é simples, nua e calma.
Cansei da merda toda.
Fui embora, deixando Tiago falando sozinho... Com aquela
voz meio retardada...
Quando cheguei ao Kadett, não me sentia bem. Acho que
deveria voltar para minha caverna. Fiquei escorado com as mãos na capota. Observando...
apenas observando. Entrei no carro e fui em direção a Bento. Dei aquela banda básica...
E então o Pássaro Azul, você tinha dúvidas?
Chego lá, tudo esta tranquilo.
É outro mundo... Deus as vezes é bom. Pedi a dose de rum,
e tudo pareceu melhorar. Sabem como o lance da sorte? É, senti em mim que algo
havia mudado.
Fiquei ali um tempo...
Segue...
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