Roleta Russa, idiotas
bêbados e um barro...
Estávamos em cinco amigos,
e muitas e muitas garrafas de cerveja depois, o Juliano, o mais bêbado, e
alterado teve uma ideia brilhante...
-Galera segura ai... que
eu vou pegar o revolver velho do meu avô... que acham?
-Pra que – eu perguntei.
-Vamos fazer uma roleta
russa...há,há,há...
Todos acharam bacana...
fiquei na minha, senti o peso da situação. Sou assim, meio intuitivo, você
precisa estar ligado na vida... aonde a brincadeira vai... e onde as bestas são
capazes de ir... que merda.
Juliano trouxe a arma e
largou no meio da mesa... aquilo não era uma boa ideia... ficamos todos olhando.
A primeira coisa que pensei: o Juliano tem motivos de sobra pra fazer uma
roleta russa. Eu agora não tinha motivo algum.
Achei aquilo meio
perigoso... sabem como é... é dar oportunidade para a loucura aparecer... por
vezes é tudo que se precisa.
Juliano carregou a arma
com uma bala, girou o tambor e sem pensar um segundo apertou o gatilho contra a
própria cabeça, rindo como um idiota: deu um clic...
-Eu me escapei – disse.
Então rindo, colocou a
arma na minha frente, todos me olhavam:
-Vamos ver se tu não é
cagão...
Acho que eles esperavam
que eu explodisse minha cabeça. Mas não, hoje não. Eles são uns merdas, e eu
não pretendo ser o mais fodão desta galáxia... falei:
-Juliano, tu tens todos os
motivos para te matar, tua mulher te trocou por um cara pirocudo, a tua filha tá
cagando pra ti, a tua mãe não quer te ver mais nesta vida, tu és um viciado da
porra, e tá doente... cara tu estas no abismo... faz o seguinte: pega essa arma
e enfia o cano no cu... e depois aperta o gatilho... tenho certeza que é o
sonho sexual de muita gente, um tiro no cu... que tal hein ?
No ambiente, dava para
ouvir uma mosca, eu achava aquilo lindo... gosto de desconcertar as pessoas,
por vezes você precisa se sentir mal... para sentir um pouco a vida... Juliano
estava assimilando a informação...
Puta que pariu...eu abri
uma gaveta no inferno...
Senti que o pessoal queria
que fosse embora, eu deveria ter ido. Juliano é insano até o osso. Era por isso
que eu estava ali... quem não se sente superior entre os anormais? Ou, talvez
eu fosse o mais anormal deles? Foda-se.
Juliano me olha com uma
cara insana, sorriso psicopata, olhos injetados de sangue, sobrolho congesto,
se ergue da mesa... ele queria ser cruel...
Ele fica nos fixando com o
olhar, então baixa a calça e depois a cueca, mostrando uma piroquinha suja e
repleta de feridas, eu acho engraçado... vira a bunda para a mesa e as
cervejas, expondo um rabo fedorento a merda seca de dias e dias... ele pega a
arma, da uma cuspida no cano...
Os outros integrantes da
mesa, estão nervosos, não falam, não se erguem, nada... se sentiam incomodados
com o pequeno show. Eu já esperava o pior... sempre espero o pior, abra as
portas do inferno e os demônios aparecem... sinceramente eu não me importava,
eu nunca finjo nada... é mais fácil assim.
Juliano enfia o cano no
cu, ele iria apertar o gatilho? Então ele olha para trás, nos olhando nos
olhos, e começa a contar:
-É um...é dois...é três...i...
A arma da um clic...
definitivamente Juliano é louco...
Quando finalmente tira o
cano do cu... eu bato palmas, era um freakshow. Na mesa ninguém ria... porra as
pessoas não sabem se divertir mesmo.
Então Juliano larga a arma
novamente sobre a mesa, e o cano estava
pintado de marrom... Deus... a vida as vezes é um show de horrores, o que
aquilo significava ? Não sei.
Uns brincam de viver,
outros brincam de morrer, no fundo, estamos em busca de uma saída, uma fuga não
niilista da existência, querendo uma paz duradoura talvez, ou um inferno sem
fim... não sei cada alma tem as suas peculiaridades... não julgo a rota de
colisão para um... é um bater de asas, para outro é o erro... e definitivamente
não sabemos nada.
Mas uma coisa eu sei: a
vida não é nem uma coisa ou outa...
Tomei o resto da bebida e
tratei de ir embora...
Luis Fabiano.
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