Navalhadas Curtas: A Loira do Corredor
Meu prédio é um manicômio informal. Imagine algo, e aqui
acontece. Puta que pariu. Tava cansado de estar em casa. Havia dormido um pouco,
e fui acordado pelo oculto desejo de trepar ou foi um pesadelo mesmo.
Olho as horas, são três horas e trinta e três minutos.
Boa hora, a hora deles...
Não pensei duas vezes, me vesti, bebi um rum no bico da
garrafa como gosto, e abri a porta. Neste abrir a porta e acender a luz do
corredor, uma loira magra, tinha ares de ter vinte e poucos anos, com uma
minissaia curtinha, olhos verdes e um detalhe interessante: estava com o ouvido
colado a porta da minha vizinha.
É isso ai, ela estava escutando a conversa que estava
acontecendo. A essa hora da manha, ninguém fala nada que preste. Os gemidos e
grunhidos são significativos. Ela me viu e seguiu como estava:
-Oi – eu disse.
-Oi... Psiu... silencio cara...
-Tudo bem... Tão falando mal de ti?
-É... Essa gente não presta mesmo...
-Sei como é... Conheço muitos assim...
-Ela tá inventando coisas sobre minha pessoa... A puta...
Gostei do tom, toda mulher fica sexy falando palavrões e
bancando a durona, estávamos cúmplices em crime agora.
-E o que tu pretende fazer?
-Vou ficar aqui ouvindo... E depois eu me vingo... e
depois...
-Ela tem marido?
-Tem...
-Então é fácil pra ti... Dá pro marido dela...
Os olhos dela brilharam, talvez não fosse puta, talvez
fosse, mas o doce sabor de eliminar a concorrência é algo... E as mulheres
naturalmente disputam, é um joguinho ancestral, eu apenas joguei gasolina no incêndio.
Gosto disso...
-Muito prazer Luís Fabiano...
-Prazer, Maiva.
-Maiva eu tô saindo pra beber...
-Não obrigada, vou ficar aqui e ouvir até o fim.
-OK, sorte.
Cada um se tortura como pode e quer. Escolha a sua
tortura e foda-se feliz.
Na real eu queria até comer a loirinha... Mas ela estava
ocupada demais, com as próprias merdas.
Luís Fabiano.
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