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segunda-feira, maio 13, 2013

Putas de fogo





Lágrimas, Marião em surto e putas de fogo

Bom estar de volta a noite. Andei ocupado muito tempo com tantas atividades, que por vezes pensava: porra, tornarei a mim mesmo, um dia? Tinha saudade do que sou... Por mais imprestável que pareça, gosto de cheirar a minha própria merda fresca.

Foda isso, terrível você se perder de si mesmo, não recomendo. O mundo pode dar voltas, as horas podem passar, e as tempestades darem lugar a coisas melhores...  Mas nunca perda-se  de si. Vemos isso toda hora, todos os dias... As pessoas abrindo mão de si mesmas... E depois o natural resultado. Merda e decepção, nada além de você mesmo, é capaz de dar felicidade e paz para você.

Não tenho planos traçados... Gosto assim... Não presto para planos metodicamente calculados no futuro, vivo do improviso, gosto que a inteligência fale, isso me excita muito... Tanto quanto o rum.
Estava abrindo uma garrafa novinha de rum...  É ótimo, é como lamber o cu de uma mulher quando ela deseja, e você lambe lentamente, lentamente e enfia a língua lá dentro e depois torna a lamber. Dei o primeiro gole direto no bico... Deus... isso é muito bom. Eu estava apenas esquentando as turbinas... A próxima escala? Os braços do diabo direto no inferno de Pelotas...

Coloquei um blues maldito... BB King castigando Lucy... Puta que pariu... a vida não poderia ser melhor, não é mesmo? Solidão, musica e bebidas... Nada e ninguém nesta vida, poderiam me dar isso neste instante. La estava eu, o equilibrista da navalha... Vivendo, me ferindo e sendo e sendo feliz dentro do possível. Isso seria paz? Não sei, não tenho as respostas... Mas neste segundo eu diria que sim... e no próximo...

Minha disposição ganhou asas. A noite é um abismo negro, um tornado devastando o universo, o cu de um deus chamando para uma trepada santificada... Começo a gargalhar sozinho... Eu e meus pensamentos loucos. Calibrei o rum mais um pouco.

E agora ouvia minha vizinha do andar de cima, brigar com a filha... Ambas tem idade... a mãe é uma sessentona...e a filha tem trinta e poucos. Elas sempre discutem muito, dizem coisas terríveis, se ofendem... E depois tudo vira silencio. Arrependimento? Sei-la .Fiquei na minha...

-Tu não passas de uma vagabunda – disse a mãe...

Eu não posso discordar dela de todo... Aquela mulher gostava da função... já a havia visto no elevador...e nos corredores escuros do prédio, eu mesmo rocei as mãos naquelas tetas no elevador... E sorriu consentindo... Ela ganhou o meu respeito ali.

-Para de me controlar, mãe... Vai viver... vai dar a tua buceta...vai dar o cu 
pro diabo coçar...tu precisa é de um macho de verdade, e não daquele broxa que tu chamas de companheiro...

Gosto da minha vizinhança. Eu moro no centro...  E mesmo aqui, as pessoas se comportam como na periferia... É isso, é do ser humano... O amor, o ódio e a trepada são os mesmos... não há diferença em nenhum lugar do mundo...
Quanto ao velho broxa... a filha tinha razão... O cara era muito devagar, vivia com o cão poodle no colo, chimarrão e andava de um lado para o outro no prédio? Que vou dizer a respeito? Nada. De qualquer forma a filha era interessante. Fazia o estilo mulher grandalhona, cabelos compridos, tetas imensas, coxas vastas e sempre vestia roupas mais curtas. Perfeita.

Desconectei da briga. Que se fodam, daqui a pouco elas voltariam as boas... Sempre voltam. Eu tinha um copo de rum para administrar. Não tinham o perfil de se matarem. Tudo bem. O rum fazia a dança macabra em meu peito, atiçando a voracidade, escabelando desejos... Deus... Me torne o mais filho da puta possível hoje? Hein... E você Demônio, me torne o mais santo possível? Eles jogam conosco, agora eu jogaria com eles também.
Não perco tempo, quero a rua...  Olho as horas, uma e trinta e sete da manha... Coloco a camiseta e saio. Não vou de elevador, vou pelas escadas, encontro a vizinha chorando no escuro. Muito típico, dou uma breve parada:

-Boa noite, Kátia, tudo bem?
-Não... Não muito... Briguei com a mãe...
-Sei como é... Tem dias que a noite é foda... ( sempre digo isso)

Ela ensaiou um sorriso.

-Posso ajudar?
-Não creio... Problemas e mais problemas... Fabiano... Mas um dia passa...
-Não sou psicólogo ou terapeuta Katia... Mas olha ai... uma bebida eu posso te pagar...  As coisas se aliviam... E depois você dorme... E amanha é outro dia... É assim que se fazem as coisas...

A tristeza dela mexeu comigo... Mas não pense que sou solidário... Nada disso, aquelas lagrimas caindo nas tetas, no decote profundo e nas pernas expostas da minissaia... eram diamantes falsificados despertando desejos. Ela sorri...

-Mas onde iriamos beber?
-Por ai... Faz diferença? Fudido... fudido e meio...

Ela sorriu o sorriso das putas felizes, e minha noite estava começando. Gostei disso, tem dias que tenho sorte... E tudo cai de bandeja no meu colo. Peguei a mão dela e saímos para rua. Entramos no kadett (fudet), ligo o radio, uma musica tecno tocava. E naquele instante parecia que ela não tinha mais problemas. Arranco o carro, lentamente... Vamos andando pela avenida... Ela olhava a rua, acendeu um cigarro, fumava e parecia descansada. Faço a volta pela Bento, e na frente do Pássaro Azul, quem eu vejo? Em sua cadeira de rodas turbinada... yes, o Marião.

Da ultima que nos vimos, ele estava com problemas, com uma puta de rua e um michê , que ele levou para casa... E o pessoal fez um show erótico, e depois o roubou. Deixou ele fudido sem roupas, molhado e no chão. E agora ele estava ali... Feliz... e bêbado pelo jeito.

-Kátia eu vou parar ali no Pássaro que achas? Tem um amigo que vais gostar de conhecer...
-Claro Fabiano... hoje eu to entregue a ti...( piscou o olho)

Era isso, nada melhor que brigar com a mãe no dia das mães... E sair para rua pra “putiar”... Essa é a Katia, este sou eu. Estacionei e chegamos ao Bar. Marião estava com duas mulheres... Do melhor estilo vulgar... Lindas e bagaceiras, eu gostei de ambas. Apresentei Katia a ele... E ele estava feliz, chapado e disposto a fazer a sua cadeira decolar para lua.

-E ai Marião... Tudo tranquilo depois daquele dia?
-É... tranquilo umas porra... Aquele casal me roubou cara... E não ia ficar assim barato, falei com o Negro Nelson... Dei a ficha pra ele... ele achou os dois... E digamos resolveu a coisa “tranquilamente”...

Não queria saber mais...  O Nelson é um cara violento, sempre foi, e mesmo na escola já dava sinais de loucura e fascinação por porrada. Quanto mais se batia nele... pior ele ficava... Nas fora isso é um cara bacana... é importante ter estes amigos.

Marião não perde tempo, estica mais duas carreiras... E manda pra dentro... Katia sorria fácil, a bebida veio... E agora tudo era uma festa imensa naquela mesa. Não demorou muito para a coisa descambar para putaria nefasta. As duas moças que estavam ali... Já estavam chapadas e afim... a Katia bebeu... E seus peitos quase pulando para fora da blusa... o Marião, fazia encenação como se tivesse batendo punheta por cima da calça. A proprietária do Blue Bird, nos olhava de canto de olho... e por vezes sorria... Ela nos conhece... E uma fogueira no inferno já havia começado.
Agora Marião, estava louco... Acelerado demais, e gritava a plenos pulmões:

-Vamos fuder... Humanidade.... vamos fuder...prefeito... Vamos fuder Hitler... Vamos fuder as estrelas...

Todos riamos... A vida estava melhorando. Todos estávamos bêbados... e alterados... Aonde isso iria nos levar? Eu sabia... E todos sabíamos, éramos cumplices em um crime futuro... o maremoto batendo no rochedo, as lagrimas atômicas gotejando no deserto, pássaros voando para além da gaiola...

Continua:

Luís Fabiano.


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