A outra mãe...
De todas as mães que comi... A única que não comi foi a
minha...
Ingratas, putas, sacanas e felizes...
Sorrindo em amanheceres sem sentido
Enquanto suas crias... aos berros de fome
Eu estava lá... também...
Como um hangar de tragédias
A espera do próximo voo...
Mantendo o silencio, em uma rota de colisão fatal...
Eu vi... tantas mães...
Mães abortivas... Chapadas... Loucas... débeis e bêbadas
Vi pássaros, em seus ninhos de palha, longe...
A leoa lambendo o filhote...
E tudo parecia bem...
Uma serpente devorando sua cria, sem maldade alguma...
Seguindo o instinto suave da mãe natureza...
Foda isso...
Vi em hospitais que trabalhei... Filhas se apagando com
velas
Consumidas por chagas...
E ouvi o grito do desespero, quando nada mais se pode
fazer...
Todos estavam lá... Quando a ausência reclamava
atenção...
Filhos fantoches
Pétalas arrancadas
Cobertas vazias...
A mamadeira pela metade e fria...
E o amor uma chama... acalentando o impossível...
O amor doença de cada mãe...
Que transforma todo e qualquer erro... Em mera falha
Abrandando mentiras... Ainda que o pior seja...
Reinventando a santidade de um filho de merda...
Tetas, cuidados e um mar inesgotável de esperanças
A espera do depois... Do melhor... do futuro...
Pernas abertas parindo sonhos...
Pela mesma buceta que dezenas de paus entraram...
E ali estamos nós...
Filhos da vida... filhos da mãe...
Filhos da puta...
Feliz dia das mães.
Luís Fabiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário