Navalhadas Curtas: Meio louca, meio certa
Ela falava com um poste, enquanto eu vinha vindo na
calçada. É normal, todos falamos com coisas inanimadas. Achei que ia passar de
boa...
Mas justamente na hora que estou passando por ela, ela se
volta pra mim algo nervosa:
-E você, poste? Porque tá andando?
Fiquei em silencio, ela segue...
-Diz algo poste. Diz, não seja mal educado...
Que merda, era louca de pedra... Tentei seguir, ela agarra
do braço e força:
-Fala poste... Fala poste... Fala...
Na hora pensei: vou me transformar em um poste. Enrijeci
o braço, e fiquei parado como um poste... Com uma voz grave respondi:
-Eu sou o Deus dos postes... Ajoelhe-se fiel... ou meus
raios elétricos...vão te aniquilar...ha,há,há...
A mulher arregala os olhos... Como se tivesse visto
Deus... E foi dizendo:
-Fui eu quem matou a cadelinha da vizinha... fui eu...eu
matei a Juditi...eu mereço o inferno...eu mereço...
Que merda. A brincadeira havia se tornado séria... Nem
loucos sabem brincar mais... e agora era eu que iria decidir se perdoava ela ou
não?? Claro que não:
-Coloque as mãos no outro poste ( o de verdade) e feche
os olhos... e em cinco minutos estará perdoada...
Ela fez... E assim que ela fechou os olhos... bem... Eu
me mandei.
Luís Fabiano.
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