Os olhos de Charles Manson
Ele entoa uma cantiga com laminas manchadas
Quando frascos feitos de ideias se destilam a noite
infinda
Quando a pagina é virada outra vez, e outra vez
Quando o cuspe sela o pacto
E o ato mais cruel, que ecoa num horizonte como um por do
sol
Flores da agonia, em veias de opressão
O limite que raspando os abismos
Ela tão doce, com o seu maternal olhar
Embalando o amor, como uma vela aberta a espera do vento
Caracóis sobrevivendo agarrando-se ao que podem
E nos exortamos, quando a palavra se afoga em nossa alma
quase vulgar...
O medo...
A dor...
A merda...
O horror...
O amanha...
O ontem...
Somos frágeis como formigas, esculpidas em egos de
catedral
Desconhecidos errantes, a procura de alguma paz
E todos terão uma solução...
Como a promessa da semente...
Mason tem o que a todos ausenta
A convicção sem fronteiras, o míssil certeiro pairando no
deserto, como um beija-flor
A fé inabalável, como uma passarela de navalhas
Um rinoceronte em fúria, ardendo chamas
Como os teus piores silêncios, feitos de pura solidão
Quando o chão parece se abrir...
E nem Deus ou diabo parecem ligar...
Vi nos olhos de Manson, o que falta aos de bem...
Uma razão tão profunda, como as raízes da sequoia
Uma raiva tão visceral, como um milagre de um santo
Como a paz de um meditante, nos sonhos de uma quietude
quase inumana
E por um instante...
Um piscar de olhos, me percebi do tamanho que sou
A engrenagem sistêmica de um caos delicado
A crueldade fiel, de esperanças simples
O sorriso fabricado para quem não ligamos
Luís Fabiano
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