Navalhadas Curtas: O clichê dos clichês
Normalmente não abro espaços a clichês. A pena digital se
nega ao obvio, prefere o sórdido o escatológico, a larva em vez da borboleta.
Tenho uma vizinha de um prédio em frente, que todos os
dias, por volta das vinte e três e trinta e nove, vai para o quarto de janelas
abertas e se despe
Quando ela fez a primeira vez me escondi pra ver... na
segunda e terceira também... Mas depois, bem não fazia sentido... As repetições
dos vícios os tornam coisas normais.
Ela é uma mulher madura, muito morena, com uma boa
pelagem na xoxota... E o corpo esta bom. Mas por que faz isso?
Então passei a encara-la... Durante as punhetas que batia,
nestes momentos que a olhava e as vezes me excitava. Mas ela me ignora completamente.
Ela já me viu, mas continua a fazer a mesma coisa. As
vezes vem do banho, apenas de toalha e chegando ao quarto tira a toalha... E
passa creme e loções pelo corpo. E ver isso é tão bom.
Então desenvolvemos uma relação a distancia. Nunca nos
falamos e nem falaremos, ela se despe pra mim, e torna-se um mito intocado pelas
mãos de todo pecado... O destino platônico de beleza nua, com um espirito de
espuma e amor.
Por vezes isso é muito melhor que todas as moléculas.
O idílio de fantasias sem carne. Que importam nomes, cores,
problemas, jeitos e consequências... Se nesse plano de silêncios estamos
imersos... E desejos se tornam tranquilas ondas, que jamais ferem a ninguém... A
ninguém mesmo.
Luís Fabiano.
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