Navalhadas Curtas: Ciúmes e uma rachadura
Detesto papinhos indiretos. Se você tem algum problema
comigo... Bem, não faça rodeios. Va no ponto G da merda... Porque de alguma
forma será resolvido, nem sempre da maneira que você vai querer. Foda-se.
Ela serviu uma boa dose de rum, já era a segunda da noite.
Mas havia algo ruim no ar, como uma nevoa perebenta... Dizendo assim: algo vai
fuder! Suelen me olhava, e havia longos silêncios.
Merda de intuição... Dito e feito.
-Fabiano... Tu sabes, eu não sinto ciúmes... sou muito legal
pra ti...
-Sei, tudo bem... e aí ?
-É... Mas o dia que eu sentir ciúmes, bah... Não quero
nem pensar no que sou capaz de fazer... Não sei mesmo...
Me senti como um vietnamita encontrando um americano solitário,
numa floresta em guerra. Existem coisas que não caem bem mesmo... Não gosto de
ameaças, não me assusto. E com a idade venho ficando pior... ou melhor.
Peguei o copo, dei um longo gol, respirei então:
-Vais fazer o que? Hein? Vais te comportar como uma
criminosa passional? Vais dar uma tipo, destes programas policiais das tardes? Hein? Me matar
talvez... cortar o meu pau... Jogar água fervendo quando eu estiver dormindo...
isso? Essa é a ideia? Tu esperas o que? Que eu fique com medinho disso? E que a
partir de agora, me comporte como um padre capado? Hein... hein...??! Fala
porra...
Minha voz foi aumentando gradativamente... Como se algo
tivesse disparado o botão da fúria... Levantei... e fiquei olhando pra ela... O
silencio era rocha pronta a desabar. Ela estava nervosa agora...
-Calma Fabiano... calma...nada disso...calma
cara...calma... Eu apenas ia pedir pra tu trazeres a outra ou outras, para nós
comermos ela junto... só isso... Tudo bem? Fica bem assim?
Eu estava com muita raiva... E isso era um balde de água
fria...
Mas que sem graça.
Luís Fabiano.
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