Navalhadas Curtas: Uma pedra nem tão longe...
To chegando ao portão do prédio. Um cara magrelo, olhos
esbugalhados, boca trincada, ele parecia uma animação de terror, sujeira,
magreza, fedor e desespero...
Ele chega à janela carro:
-Tio... tio... Uma pedra... tio uma pedra...agora...uma
pedra...pedra...
Entendi tudo na hora... Tava “noiado”. Que merda...
-Não trabalho na área da construção civil – disse pra ele...
-Hã... o que? Hã? Tem pedra? Uma pedrinha por Deus... uma
pedra...
Fiquei analisando aquilo. Eram três da manha... Aquele
cara tava infeliz, uma muralha de desespero... Talvez ele fizesse merda a
qualquer momento? Talvez ? Eu não tinha medo. Nunca tenho.
Foda-se, uma pedra a mais ou menos não faz diferença em
nada. Tinha cinco reais, dei pra ele. E ele ficou mais feliz que a mulher que
estava a horas atrás. Ela apenas bebeu demais e o sexo não aconteceu. A deixei
vomitando massa em casa.
Ao menos alguém ficou feliz hoje.
Luís Fabiano.
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