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sexta-feira, dezembro 14, 2012




Noite, tragos  e fodidos soltos

As vezes a noite pode ser um véu negro, encobrindo de tudo que o dia tenta expor. Muitas vezes funciona. Comigo funciona, tudo a noite parece melhor, as pessoas são melhores, as bebidas, as putas, os tarados, os doentes, as travestis.

O brilho sereno da madrugada, nos dá uma impressão de tudo é permitido, mesmo que não seja. O dia vem, e extermina isso. Abrir os olhos pela manha, pode ser uma das melhores e piores experiências do mundo. Algumas vezes agradeci por estar vivo... Muito embora o sentido disso não estivesse muito claro. Mas a grande maioria de nós não sabe por que esta vivo, apenas vive.
Mesmo assim a noite é melhor. As sombras são mais inspirativas, que a luz chapada do sol incidindo sobre as coisas, deixando as claras, nítidas demais. Foda-se sol!

Assim olho a vida do quinto andar. Tecendo na madrugada excelentes pensamentos falsos. Eu estava o pau meio duro e estava de cueca. Excelente estar em casa a vontade. Eu entremeava um gole de um rum, e um carinho no pau por cima da cueca, isso é uma boa mistura.
Quando estou assim, deixo a mente liberada... Lembro de bons momentos, de fodas artísticas, de bucetas sedentas, pingando amor e ódio, exatamente como a vida. Fuder é viver. Creio que poderia ficar assim para sempre, tranquilo, gozar na cueca mesmo, e amanha quando a merda do dia resolvesse pintar, a agua removeria os resíduos prazer.

Mas a noite estava quente. Terminei o copo de rum e resolvi sair. Nada pode ser simples comigo, tudo tem que complicar. Talvez seja o rum, a inquietação, o pau duro. Mentira, na verdade a bebida é o soro da verdade, digo isso sempre.

Se você é uma pessoa boa bêbado, então com toda certeza, você é um alguém legal. Essa é minha psiquiatria direta. Houve tempo que acha que psicólogos e psiquiatras, deveriam ministrar drogas para seus pacientes, para que a verdade viesse a tona mais rapidamente. Bem, mas ai o tratamento terminaria muito rápido, não?? Tive uma briga com um psiquiatra por causa desta questão... Ele virou ex-amigo meu, como uma porção ex um monte de coisa que tenho...

Namorei uma psicóloga uma vez. Foi uma boa experiência, não brigávamos nunca, fodiamos todos os dias, as vezes mais de uma vez por dia, e ela cozinhava bem... Isso deveria ser o paraíso, correto? Errado, não funcionou... Alias, nunca funcionou comigo. Não é uma queixa, uma constatação.
Era melhor deixar estes pensamentos para trás, e dar um jeito de agitar as coisas. Qual seria a melhor opção? Não sei. Vesti uma jeans e uma camiseta amassada e suja, que estava em um canto do quarto e sai. Sinto o cheiro da camisa do sovaco na camisa, meu cheiro. Gosto do cheiro forte, suor de um dia quente de trabalho. Me sinto estranhamente a vontade com meus odores.

Sou assim, gosto de cheiros. Isso faz lembrar que sempre fico feliz, quando a mulher vem do banheiro antes de trepar. Ela mijou e fica maravilhoso para fazer um oral, cheiro, gosto e textura... Gosto assim, bem olorosa. Buceta precisa ter cheiro de buceta, e não de sabonete intimo. Essa é máxima.
Deixo o copo de rum no quarto, com pedras de gelo parecendo pedacinhos de esperanças se fundindo ao fluxo da vida, um feto nadando na agua. As putas esperanças vazias.

O kadett desliza pela cidade ao som de Fito Paez... Mera casualidade, a musica  se chamava Ciudad de Pobres Corazones.
Algumas poucas pessoas circulavam pela Bento, as duas e meia da manhã. A noite esta ótima depois de um dia causticante, agora a fresca noturna faz bem. As vezes não entendo Pelotas, no meia da semana, bares fechados, como se um avião não tivesse onde pousar, então você precisa improvisar por aí...

Fui em direção ao Bar do Sujeira. A meia porta aberta, significava que ele estava encerrando a noite. Não podia acreditar. Quando você deseja fazer alguma merda, e nada parece ajudar é como se os anjos estivessem dispostos.

Entro no bar e sou recebido cordialmente:
-Fabiano... não...não e não, já vai dando volta, to fechando por hoje e deu...
-Porra Sujeira... Isso é jeito de receber um cliente VIP cara?
-Vip é o caralho rapá... Nem senta, to cansado e to puto com a vida...

Sujeira parecia transtornado. Todos temos transtornos, normalmente conseguimos negociar com eles, deixando-os escondidos e sorrindo falsamente para tudo a nossa volta. Isso vai até um dia, que como um furúnculo, a porra toda explode lançando pus por cima de todos... É uma questão de tempo, apenas isso.

-Ok Sujeira, tudo bem... To indo... Mas antes... Nem um golinho rápido de rum?
-Fabiano tu é um filho da puta... Tudo bem... Mas não vou lavar o copo...
-Tudo bem, o álcool esteriliza até a alma...

No balcão semi-escuro ficamos conversando um pouco.

-Mas o que há, Sujeira?
-Tanta coisa... deixa pra lá...
-Acho que sei cara, é o período... Estas merdas de natal e final de ano...
-É... Faz lembrar coisas, e a medida que tu fica velho, piora... Pessoas morrem... Buracos aqui e ali vão ficando...

Uma luz vermelha acendeu em mim. Acho que não iria seguir aquele papo. Sei da historia de Sujeira, de sua família, a mulher doente, os filhos que não o procuram... No fundo a solidão.
Eu entendo que gente do bem, não devia sofrer... Mas ironicamente as pessoas bacanas, são as que mais sofrem? Que porra é essa, Deus sadomasoquista? Hein? Não me venham com explicações prontas e fáceis de entender... Eu não concordo....


Segue.

Luís Fabiano.


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