Navalhas Curtas: Cerveja e uma dose de solidão
Quando chegamos no posto, ele já estava ancorado lá. Havia
bebido muita cerveja barata, talvez seja o que a grana deu. Lembro disso em
minha vida, tempos difíceis. Bebia cachaça pura, tinha péssimos casamentos e um
trabalho de merda.
Recordei tudo isso num relance. Que porra.
Sentei com meus amigos Maciel e Júlio. Como disse Júlio:
aquele momento era uma das melhores coisas da vida, estar com amigos e uma
cerveja. Estávamos relaxando, depois de uma tarde de gravação. Não precisamos
realmente de mais nada.
Então o cara bêbado, que nos olhava conversar... Queria
se enturmar, ergueu-se da sua mesa, e veio perguntar vacilante a nós:
-Então... então... Eu posso?
Ele apontava para uma cadeira vazia em nossa mesa. Na
hora entendi o que calava naquele momento. Sou calejado com bêbados. Eu
respondi.
-Não vai dar... A gente tá conversando agora... depois...
Ele nos olha com ar triste, diz algo inaudível e torna-se
a sentar na sua mesa. Sua ilha, seu mar de solidão. A cerveja sobre mesa estava
vazia... E como um anestesiado, o cara foi apagando e adormeceu de lado ali
mesmo.
Maciel me pergunta: Conheces?
-Nunca vi cara... Mas pelo quadro tu já sabes a historia
dele cara... Isso se chama solidão. Maciel fica me olhando... E Julio faz seu típico
sorriso lateral...
Pegamos outra cerveja.
Luís Fabiano.
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