Navalhadas Curtas: Chuchu, Vírus e uma chata
O calçadão nesta época do ano, fica mais insuportável do
que já é normalmente. Eu precisava pagar algumas contas, e meu desejo é não
encontrar ninguém conhecido. Filas insuportáveis e pessoas comprando aquilo
realmente não necessitam. Foda-se, essa é a porra do natal afinal.
Então eu coloquei o pé no calçadão, e Lucia me viu... E
veio rápida em minha direção. Ela é uma cliente que não atendo mais. Ela
imagina que sou técnico vinte quatro horas do dia... e gratuito, chora para
pagar e isso definitivamente me irrita.
-Fabiano... mas que bom te encontrar... Eu te ligo e tu
não me atendes... Por que hein?
-Oi Lucia... Eu também estou bem. Casualidade Lucia, as
vezes não posso atender... sabes como é, desculpe... É a vida.
Pensei comigo: porra, que essa puta não me pergunte mais
nada, não hoje...
Por favor, Deus... Se existes, mata essa mulher please!
-Tá ok... Fabiano, acho que micro esta com vírus, ele tá
muito lento...tu poderias ir lá em casa novamente? O chuchu ta com saudade de
ti...
Ela falou isso com um sorriso estupido no rosto. Chuchu é
o nome do cachorro chato dela. Naquela casa tudo é chato.
-Legal Lucia... Mas assim, eu ando meio ocupado...
-Mas larga as tuas ocupações e me atende... Hoje... Vai hoje lá? Vai, vai,
vai...
Nunca perco o controle. Sou cínico, educado e frio. Olhei
para ela, aquele sorriso, as sacolas nas mãos e um vestido justo , tudo
combinava, e apenas disse:
-Lucia, não vou te atender este ano... E acho que nem no
ano que vem... Nem por um milhão de dólares... Nem que prestes serviços sexuais
pelo resto da vida...
O sorriso dela se foi. Ela me olhava meio pasma. Ficamos
em silencio alguns segundos, nos olhávamos... Então ela repentinamente tornou a
sorrir e disse:
-Fabiano tu és muito engraçado mesmo...
Deus não havia escutado as minhas orações...
Ela não entendeu nada.
Luís Fabiano.
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