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sexta-feira, dezembro 07, 2012




Na mesa com 5

Impressionante como nada é capaz de conduzir a nada
O bar estava em erupção
Como uma espinha madura pronta para o caos
Calor infernal de uma noite voraz
Recendia a inquietação e estranhos prazeres
Mas entre toda a merda, sempre há uma ancora

Uma cantora no canto destilava sua musica
Os espaços eram disputados educadamente
Vi uma cadeira livre em uma mesa e sentei avulso
Ao que parece, ninguém se importa com um intruso errante
Então elas foram sentando, uma a uma
Me olhavam estranho, mas foda-se eu pensei
Agora eu já era dono do meu feudo
Precisariam me bater para me arrancar dali

Então uma delas veio a mim e me cumprimentou
Sorria fácil demais
Tinha um bom cheiro
Mas elas eram franguinhas novinhas
Tentando descobrir o próprio grelo
Ficamos ali como uma família desunida
Minha cerveja chegou
Eu tinha tudo que precisava agora
Musica, cerveja e mulheres
Ao contrario que se imagina
Não precisamos ser dono de nada...

Ficamos falando de coisa alguma
Enquanto eu analisava aquelas coxas, peitos, cabelos e sovacos
Acho que elas ficaram com pena de mim
Acho que elas não tinham alma também...
Estranhamente não senti vontade de comê-las
Eu o apreciador de toda e qualquer buceta deste universo
É preciso um pouco mais...
Talvez em outro dia

Uma ilha longínqua em paz
Próxima da solidão
Eu de pau duro na sala e um copo de cerveja
Uma promessa alucinada beijando o inesperado
Gralhas sorridentes com pernas fininhas
E tudo estava bem
Assim as coisas se completam
Mesmo que isso não tenha a menor importância para você.


Luís Fabiano

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