Pesquisar este blog

quarta-feira, novembro 14, 2012



Rei das Bucetas, muvuca  e cachaça


Parte final

-Creio que sempre fui, mas te digo que venho melhorando com o tempo.
Gargalha o Rei das Bucetas, como se tivesse contado uma piada macabra.
-Somos como o vinho Fabiano, viramos vinagre ou nos tornamos algo de boa qualidade, não há meio termo em nada na vida. O meio termo é a morte.

Nesse meio tempo, meu olhar vagabundo passeava naquele ambiente pouco limpo, os “grã-finos” estavam animados demais, dançavam como se tivessem em um forró universitário de merda. Não sou dançarino, aliás, eu tenho dois pés esquerdos, minha falta de ginga é gigantesca. Mas não importa, eu nunca gostei também de dança. Sou um voyeur profissional, prefiro olhar, existe mais satisfação e menos força.

Aquela cachaça desceu rasgando a garganta, dando um toque especial ao rum que havia bebido. Sensação maravilhosa essa, torpor de uma câmera lenta, a realidade não tão real, os pensamentos em uma vaga sem freios.

Uma mulher chega-se ao Rei das Bucetas, fala algo em seu ouvido e senta-se em seu colo. Ele acaricia-lhe os seios por cima da blusa a principio, ela sorria feliz, satisfeita como uma vagabunda plena de amor. Porque todas as mulheres querem dar para este cara? Eu penso. Ele parecendo ler meus pensamentos sorri, expondo todos os dentes:

-Filho... o segredo é ser um leão, eu as como um Leão, e depois as acaricio como um anjo quase bom... Anjo maldito as vezes, sou o braço firme e o desejo que voa.

Então uma mulher veio para minha frente. Rebolava gostoso dançando, mexendo os quadris como uma serpente árabe no deserto. Uma bunda maravilhosa. Era lindo ver aquilo, quem dera tudo fosse assim, uma sedução, ser seduzido pela vida. Meu pau gostou daquilo também. A ferramenta estava viva, vida boa, bucetas do encanto, sorrindo distantes e próximas como meteoros de amor.

As tetas da moça no colo de Rei das Bucetas, estavam expostas agora e ninguém parecia se importar. Tive vontade de tirar meu pau pra fora também e bater uma punheta lenta, carinhosa, romântica vendo aquela cena. Mas tudo tem limites. Eu já bati muitas punhetas na rua, me viram três vezes, mas quem viu parece que não se importou, ou pensou que era maluco. Em banheiros podres também, outros mais limpos, um prazer solitário e feliz, esporrar com abundancia é bom, semeando o azulejo, a calçada e o céu.

Quando olho novamente, Rei das Bucetas não estava mais na mesa. Tive duvidas que ele estivesse ali? Porra, estar bêbado e ter duvidas. A bunda ainda dançava a minha frente. Tive vontade toca-la.
Nisso, Jussara surge na minha frente. Negra linda, meio misturada, insana, doida com uma fome de fuder eterna e de cara.

-Gostou da bunda desta branca aí Fabiano? - Ela diz.
As coisas começaram mal. Por que precisa ser assim? Eu sempre pergunto isso.
-Relaxa Jussara... A Monalisa esta lá no Louvre e todos gostam de olhar, a Capela Sistina também, olhar não significa desejar... coisas bonitas de olhar...
-Não sei quem é essa tal de Monalisa, é outra branca? A Igreja eu respeito... Onde fica essa merda?
-Pertinho daqui, na Itália...

Estava aborrecida e nem me escutou.
Ela não perde tempo, da um empurrão na mulher de bunda linda que dançava na minha frente. Era o show de Jussara começando, sempre assim, uma dinamite acesa para onde quer que se vire. Deus, porque você não me dá bucetas calmas?

Ninguém gosta de perder viagem, é ida e volta. A bunda linda, se sentiu ofendida e começou a confusão. “Bateção” de boca, gritos e depois os tapas. Tudo acontecia a um metro de mim, eu de camarote. Não me levantei, não fiz força e nem tentei pensar em impedir.

-Esse negro é meu – disse Jussara - vai saindo vagabunda... teu lugar não é aqui...
-Teu? Ele tá sozinho ai a horas, e pelo jeito tava gostando do que estava vendo, há,há,há

Pensei eu: porra eu era pra ter tocado naquela bunda, tava facinha mesmo. Gosto disso.
Jussara não perdeu tempo, e deu a primeira porrada. Briga de mulher você sabe como é, nunca é limpa, tapas, cabelos, unhas e o chão, cada um com suas armas.

A musica para repentinamente, e a voz grave e rouca de Rei das Bucetas se faz ouvir:
-Paremmmm já com essa porra, ou vocês duas, suas merdinhas da porra, estarão expulsas definitivamente do estabelecimento, aqui não tem isso... Eu digo, e  minha palavra é uma só...

Todos as olhavam, sujas do chão e envergonhadas, olhavam para o chão. O cara é o Rei mesmo, e seu reino era aquele bar. As pessoas não o temiam, o respeitavam, coisa complexa de se impor hoje em dia por ai.
Elas se erguem, tentam se limpar um pouco. Rei as olha fixamente, parecem crianças mal criadas, sendo castigadas.

-Desculpe Rei – diz Jussara.
-É seu Rei, desculpas – diz a bunda linda.

Então o Rei me olha, estou bêbado e me divirto com o caos. Talvez eu seja mesmo meio malévolo, sabe-se lá. Ou eu seja apenas um idiota. A musica recomeça, e Rei senta-se novamente a mesa:

-Porra Fabiano... tu não fez nada?
-Não... Achei que não devia.
-Não quero confusão no meu estabelecimento filho... Leva a Jussara daqui, come ela... E sejam felizes, ela tá no cio... Precisa fuder, sinto o cheiro nela.
Não respondi nada.

É fato, as mulheres exalam o cheiro forte quando estão férteis e com muito desejo sexual. Normalmente isso passa batido porque elas se enchem de perfumes e cosméticos. O artificialismo de merda, escondendo o animal que existem em todos nós.

Chamei Jussara, mas ela estava aborrecida completamente. Ela tem uma bunda ótima, mas sua vaidade feminina estava arranhada, deu de ombros e se foi. Eu não tava afim de discussão aquela noite, e nem tão pouco contar historias para alcançar a sagrada buceta. Não. Achei que deveria ficar ali como um verme sebento, feliz como uma lesma no esgoto, deixando a noite passar, agarrando-me aos momentos realmente felizes. É isso, agarre-os sempre.

Olho para Rei das Bucetas ,e como num momento místico de um Rei e seu súdito, comungando o melhor que a vida pode nos oferecer. Gargalhamos. Porra... Talvez um dia eu também seja Rei. Não sei.
Puta que pariu.

Luís Fabiano.


Nenhum comentário: