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sábado, novembro 03, 2012




Navalhadas Curtas: O Magnata e a vila

Estes caras vez por outra esbarram em mim. Nossos precários mundos, se encontram brevemente em uma esquina comum a linha dos iguais. Detesto isto.

Uma simples lavagem gratuita de carros. Eu estava na frente , o Kadett já estava ficando em condições, “tava” gostando. Então ele chegou.
Estacionou o seu importado 2012, de quase cem mil reais. Desceu e já foi dando o ar, empestando o ar, falando para o lavador Cleomar:

-E aí “magnata”, cheguei hein... Vim trazer meu “carrinho” pra ti tratar... Ok magnata?
-Sim senhor, seu Alfredo, ta tudo certo.
-Nada de senhor magnata... Há,há,há... Aqui é o único lugar que sou igual a todo mundo...

Não acreditei no que ouvi. O idiota falava sério. Eu sentando em minha cadeira de praia, fiquei olhando atravessado pra ele.

-Tá certo seu Alfredo.
O cara era meio coroa... E a idade não havia ensinado grandes coisas pra ele.
-Imagina hein Cleomar... Quando vais poder comprar uma ”nave “ desta hein?
-Que isso seu Alfredo... Isso não é pra mim não.

O cara veio se chegando para meu lado. Queria papo furado, mas creio que não hoje. Não o conheci, e não gostei. Quando estava bem próximo, olhei bem pra ele... funguei pesado, e dei uma enorme e espumosa cuspida próximo ao pé dele. Sou bom de mira. O cara tirou o pé rapidinho... E ficou me olhando, ele queria dizer algo... Mas não disse.

Então ele percebeu que o Cleomar, e outros caras que aguardavam a lavagem estavam sorrindo... Ele era um peixe fora do aquário... Entrou para dentro o carro e ficou lá. Cada um se vinga como pode.

Luís Fabiano.



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