Navalhadas Curtas: O Magnata e a vila
Estes caras vez por outra esbarram em mim. Nossos precários
mundos, se encontram brevemente em uma esquina comum a linha dos iguais.
Detesto isto.
Uma simples lavagem gratuita de carros. Eu estava na
frente , o Kadett já estava ficando em condições, “tava” gostando. Então ele
chegou.
Estacionou o seu importado 2012, de quase cem mil reais.
Desceu e já foi dando o ar, empestando o ar, falando para o lavador Cleomar:
-E aí “magnata”, cheguei hein... Vim trazer meu “carrinho”
pra ti tratar... Ok magnata?
-Sim senhor, seu Alfredo, ta tudo certo.
-Nada de senhor magnata... Há,há,há... Aqui é o único lugar
que sou igual a todo mundo...
Não acreditei no que ouvi. O idiota falava sério. Eu
sentando em minha cadeira de praia, fiquei olhando atravessado pra ele.
-Tá certo seu Alfredo.
O cara era meio coroa... E a idade não havia ensinado grandes
coisas pra ele.
-Imagina hein Cleomar... Quando vais poder comprar uma ”nave
“ desta hein?
-Que isso seu Alfredo... Isso não é pra mim não.
O cara veio se chegando para meu lado. Queria papo furado,
mas creio que não hoje. Não o conheci, e não gostei. Quando estava bem próximo,
olhei bem pra ele... funguei pesado, e dei uma enorme e espumosa cuspida próximo
ao pé dele. Sou bom de mira. O cara tirou o pé rapidinho... E ficou me olhando,
ele queria dizer algo... Mas não disse.
Então ele percebeu que o Cleomar, e outros caras que
aguardavam a lavagem estavam sorrindo... Ele era um peixe fora do aquário... Entrou
para dentro o carro e ficou lá. Cada um se vinga como pode.
Luís Fabiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário