Trecho Solto...
Bukowski - Garoto na escola.
“ -Certo garoto, você é durão, e eu sou durão. Vamos selar
essa descoberta com um aperto de mãos.
Não me considerava um cara durão: por isso, recusei.
Estendi minha mão e ele começou a balança-la. Então ele
parou o movimento e me encarou. Ele tinha olhos de um azul cristalino, ainda
mais claros do que o azul da sua gravata. Seus olhos eram quase bonitos. Continuava
me encarando e segurando minha mão. Seu aperto começou a ficar mais forte.
-Quero cumprimenta-lo por ser um cara durão.
Estreitou ainda mais o aperto.
-Acha que sou um cara durão?
Não respondi
Esmagou os ossos dos meus dedos .Podia sentir os osso de
cada um dos dedos cortando a carne do dedo seguinte como uma lamina afiada. Manchas
vermelhas em turvaram a visão.
-E agora, me acha um cara durão? – Ele perguntou.
-Vou matar você – eu disse.
-Vai oquê?
O Sr.Knox apertou ainda mais a sua pegada. Sua mão
parecia um torno. Eu podia ver cada poro em seu rosto.
-Caras durões não gritam, não é?
Apertou até o limite. Tive que gritar, mas o fiz do modo
mais silencioso possível, assim ninguém nas salas de aula poderia ouvir.
-E agora sou um cara durão?
Esperei. Era odioso dizer isso. Mas, afinal, deixei
escapar.
-Sim.
O sr Knox soltou minha mão. Tive medo de olhar para ela. Deixei
que ela caísse ao lado de meu corpo. Percebi que a mosca tinha ido embora e não
pude deixar de pensar que não era tão ruim ser uma mosca".
Bukowski – Misto Quente.
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