Historia de Jussara do Bar – A Égua do tesão
Parte-1
Existem almas que nasceram para santidade, outras para o
pecado original. E a grande maioria que todos fazemos parte, nasceram para
porra nenhuma. Não somos nem santos, nem pecadores entregues plenos as paixões mais
sacrílegas. Somos os mais ou menos alguma coisa.
De minha parte prefiro os que pecam muito. Estes têm mais
historias pra contar, e às vezes tem final feliz. Que tem a dizer que é
“bonzinho eterno”? Algo como: hoje eu fui bom, ajudei todos os meus
semelhantes, só fiz o bem, pensei em Deus e estou feliz, com final feliz? Isso
parece fácil demais. Mas também não perco tempo pensando nisso, fodam-se, cada
um que lamba a sua própria pica, seja do bem ou do mal.
Tais derivações lancinantes, são como gritos no escuro
acordaram minha entorpecida alma. Brindando as boas coisas da vida, o álcool, o
sexo e aos pouquíssimos amigos. As péssimas companhias também, porque é graças
ao inimigo, que nos tornamos mais fortes, firmes e decididos, ou morremos mais
cedo.
Foi mais ou menos assim que as coisas começaram. Minhas
conversas com o Rei das Bucetas e seu aprazível lugar noturno. Noites perdidas
em um recanto do Navegantes, boa cachaça, pagode de mesa e mulheres intensas.
Belezas diversas, cheiros fortes, que mesclam um pouco de sujeira, suor de um
dia fudido de trabalho, banheiro pequeno, imundo, entupido e cheiro de pobreza. Não tenham duvidas, a pobreza
tem cheiro.
Gosto de lá, não sei bem por que... Mas como uma conexão
errante da alma. O Inexplicável é benvindo em minha vida.
Quando vi Jussara pela primeira vez, não foi das coisas
mais lindas de minha vida. Eu já a havia visto algumas vezes lá. Rei das
Bucetas já a havia beijado na minha frente. Imaginei que fosse uma de suas
mulheres. Quem sou, pra me meter com as mulheres do Rei? Neste dia em questão
ela beijou o Rei, e com um olho aberto me olhou atravessado. Passou.
Então tornei a vê-la outro momento, parecia a visão do
inferno. Brigava com outra mulher por um motivo que até hoje não sei. Não
preciso dizer que ninguém interveio, o Rei com seu copo de cachaça sorria, o
pagode andava e fiquei ali olhando, gemidos fortes, tapas estalavam, cabelos
arrancados e arranhões. Uma luta digna de mãos nuas, roupas se deformando.
A oponente de Jussara era muito gorda, gestos lentos e um
braço poderoso, que rasgou a roupa de Jussara, diante de uma plateia feliz, as
tetas lindas dela surgiram como uma nascer do sol. A briga parou.
Jussara tapou os seios como pode, e saiu correndo ante as
risada de todos, a mulher gorda sorria feliz e confiante, faltando dentes e se
achando a mais foda do lado que cá desta galáxia. Fiquei com pena de Jussara.
Mas a vida não é tão simples.
O rei percebeu e me disse tranquilo:
-Fique com pena não, Jussara é uma ferida incurável... Uma
gangrena forte como uma vaca, um câncer que sempre volta...
-OK Rei, pegue leve, ela saiu daqui fudida...
Eu me esqueci de Jussara. Passados trinta e um minutos,
ela voltou. Desta vez a gorda não teve chances, ela acertou a cabeça dela com
um capacete que estava sobre a mesa, aquela mulher imensa caiu no chão meio
atordoada, e Jussara aproveitou e deu uns bons socos nela e cuspiu no seu rosto
varias vezes chamando-se de vadia... Pra finalizar arrancou a saia dela
deixando a pobre coitada, ferida e meio nua com aquela calcinha rosa com um
furo na bunda. Por fim levantou os braços e foi aplaudida por todos. Seu
momento de celebridade.
O Rei a chamou com firmeza para mesa. Estava eufórica e
feliz, como que drogada. Puta merda, a felicidade do ser humano é por vezes uma
imbecilidade sem fim. Então pude perceber sua beleza meio negra, meio índia,
meio portuguesa e algo espanhola. Isso, lábios grossos, uma cor de canela quase
negra, cabelos em desalinho, olhos castanhos cor de mel, uma blusa sem sutiã (algo
que gosto muito) num decote lindo, coxas grossas e estava de salto alto, um
sapato bem usado... Mas estava bem. Olhei isso e não vi que ela me olhava nos
olhos... E fez um risinho safado.
Por um breve instante todos ficamos em silencio ouvindo a
batucada do pagode. O rei disse:
-Porra menina... Tem que parar com estas brigas aqui no
meu estabelecimento... Pode beber, dançar e fuder... Mas brigar não é coisa de
Deus...
-Desculpa Rei... Mas aquela gorda asquerosa tava
implicando comigo há muito tempo... Ela teve o que mereceu... provocou, agora
que se foda. Detesto gente grossa, um nojo...
-Tudo bem Jussara, tudo bem... Mas é a ultima vez. Tá
dito!
Um generoso copo de cachaça veio. O Rei ofereceu a ela.
Ela bebeu até a metade e na hora gostei do que vi. Sem fazer cara feia, sem
gemer, tomou tranquila como se fizesse uma prece.
O Rei levantou dizendo que ia dançar um pouco e tratar de
negócios depois. Ele havia entendido.
Sem perder tempo fiquei ali, ia dizer algo, mas Jussara
me atropelou:
-Então gostoso... Qual é o teu nome?
-Fabiano... e tu Jussara, sempre feroz assim? Isso não
faz bem pra saúde...
-Não meu amor, eu sou um doce... Tu queres ver? Mostro
tudo pra ti...
-Claro que quero... Sempre...
Jussara feliz, Jussara bêbada, Jussara fácil como a vida
deve ser. O vento traz o cheiro das rosas de graça... Que mais eu queria...
Ela veio até mim e me beijou intensamente, enfiando a
língua nas minhas amídalas sugando com força como que se quisesse estuprar
minha boca. Foi o beijo! Vocês sabem como é, beijo ou é tudo ou é nada.
É preciso furor para viver a vida, amor, ódio, paixão
algo tem que nos levar para frente, com vontade plena de viver... Quem vive
porque vive esta tecnicamente morto. Se entregue ao que gosta, ao que ama e não
exija nada de ninguém... Viva pelo sente, quem aprendeu isso esta imune as
dores da vida. Não é pra dizer nada não, você sabe o que conta? É o que tu
sente, só isso, as outras pessoas são o resto... Que podem fazer bem ou mal por
algum tempo... Agora você terá sempre você mesmo, pelo resto da vida.
Depois que ela tirou a língua da minha boca, ambos
estávamos babados, com um aquele cheiro que a saliva com desejo deixa, um misto
de tesão, excitação e vontade de trepar com outro na hora.
Ela bebeu o resto da cachaça e começou a rebolar na minha
frente. Sambava fazendo algo como a dança do ventre. Porra que mulher! Foi
talhada pra explodir a mente de qualquer homem... Erguia um pouco a ponta as
saia quase mostrando a calcinha pequena, e bebia mais cachaça. Ela me olhou nos
olhos e disse:
-Fica quieto... Apenas olha bem... Olha tudinho, quero me
mostrar pra ti...
E como uma cobra se contorcendo, ela ficou ali próxima a
mim, vinha roçava a perna dela entre as minhas, baixava um pouco encaixando a
xoxota no meu joelho... Ela apenas
estava se esquentando. Agora muito bêbada, parecia um entidade incorporada. O
publico a ignorava, estavam acostumados aquele jeito raro de ser.
Ela é vulgar, grosseira e bonita, sabe disso e usa todas
as suas armas fatais com autenticidade... Rindo alto e bêbedo muito...
Segue...
Luís Fabiano
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