Eleições 2, John-John e
uma gorda
Um dia típico, usando uma
frase mais que desgastada: a festa da democracia! Que poderia rimar com outras
coisas que conheço... Mas não. Essa não é a minha praia, e realmente não
importo.
Não me interessam os rumos
da politica. Talvez fosse mais bonito dizer que me importo... Mas este se
importar que todos falam, passa tão longe de uma atuação real e efetiva. Depois
vêm as outras justificativas: nada muda assim tão rápido... Tudo precisa um
tempo! Penso a mesma coisa. Por isso digo que não me importo... Por que quando
penso em politica mundial, você não pode nem dizer que perde o sono em função
de quarenta mil pessoas que morrem de fome por mês, por exemplo na África? Não
é?
Quando foi que você deixou
de dormir tranquilamente em seu leito de paz em função disto? Ok. Tudo bem,
apenas não sejamos discursadores do vento. Se você se importa, se importe, e se
não se importa, então tudo bem, apenas deixe nítido pra você que não se
importa.
Chega desta merda.
Ontem me dirigi a pra
anular o voto em minha seção eleitoral. Felizmente vazia. Mas antes de lá chegar,
tive o prazer de encontrar John-John. Seguramente fazia quinze anos que não o
via.
-Então John, por aqui –
ele me disse.
-John-John... Tu tá vivo ainda
cara?
-Vivo e duro! O resto tá
uma merda... Mas a piroca tá em dia... ( risos )
-Bem isso já é alguma
coisa John, a gente sabe que a vida é uma merda...
-Porra e depois dos
quarenta, começa aparecer tudo que é merda mesmo... Sabe né essas doenças de
coroa...
-Sei sei... To com
quarenta a recém... Uma coisa é certa John, quem não adoeceu um vai adoecer,
por que os outros já tiveram alguma coisa tambem... É natural, é a vida, não se
passa por ela em brancas nuvens... (risos)
-Puta que pariu, é isso
mesmo! Tu vê eu, agora tô diabético! Que merda né? Mamãe é diabética, papai é diabético
e eu também! Tava enxergando pouco, por causa do açúcar no sangue!! Que
merda... Ao menos o coração tá bom...
Pensei comigo: que merda
mesmo, a idade é foda, e bem ou mal ela nos pega. Fatalmente envelheceremos e
um dia deixaremos uma vaga aqui...
-Certo John, e de resto? O
que de bom vem acontecendo?
-Me tornei presidente do
Centro Comunitário... Agora minha missão é resgatar os anos de abandono que o
governo municipal nos legou...
Começou um discurso algo
politico. Puta que pariu, era o dia? Finalizou a conversa dizendo que
futuramente iria se candidatar a vereança! Deus... Isso me cansa muito. Mas era
boa lembrança com John, quando éramos jovens e fudidos, sem grana e vivendo na
vila, me fez bem. Somos assim, meio como o vinho, nos tornamos melhores com o
tempo ou oxidamos de vez a vida.
Não escutei o discurso de
John-John, dei um abraço e fui embora. Ele ainda me disse no final: vota
certinho hein!!
Sorri como os idiotas
sorriem. Votei muito rapidamente e fui embora. Entrei no carro e fiquei
sintonizando uma radio. Achei um bom samba de raiz. Então do nada surge na janela do carro uma moça muito gorda.
Muito branca, cabelos negros com uma sainha curta e uma blusa que havia se
tornando mini blusa. Os que me conhecem sabem que eu gosto do estilo. Ela fica
parada me olhando e mascando um chiclete com a boca aberta, ruminava.
Levantei as sobrancelhas
como quem diz: e ai? Ela não se fez...
-O moço... Tu me dá uma
carona? To indo “pro” centro... Não te
custa né...
-Sei bonita... Mas e as
condições de pagamento? Disse rindo.
Ela sorriu se entregando,
e mostrando também a falta de alguns dentes...
-Olha moço... Eu sou “boa”
de pagar as “coisa” viu...há, há, há... Deixa eu te pagá !!
Pensei comigo... ela até
parece uma candidata a alguma coisa...
Então ela introduziu o
dedão da mão direita na boca, fazendo um gesto grosseiro, sensual e aberrante!
Achei muito engraçado.
-E qual o nome da
princesa?
-Cleonice! Mas todos me
chamam de Cléu ( porque sou parecida com a Cléo Pires...)
-Legal Cléu. Entra ai.
Ela entrou no carro feliz,
como quem iria a paris andar de limusine! Dei a partida e ela vinha alegre. Em
um dado instante, ela atacou a minha braguilha! Como se quisesse arrancar meu
pau com zíper e tudo.
-Ei calma ai, Cleo... Calma...
Fica... tranquila, vai sair de graça pra ti hoje, estou satisfeito por hoje?
Ok? Bah te liga...
-A tá! Mas eu quero pagar
amor... Cara... Vai deixa eu pagar, negão gostoso!!
-Nã-nã-nã, tá tudo de
boa... Relaxa aí, vou te deixar alí na Floriano tá bom?
-Tá ótimo... Tu és bacana
cara...
-Obrigado.
-Me diz uma coisa só: tu é
viado? Não gosta de boquete e tal... Porque se tu for gay, eu posso fazer
outras coisas pra ti... Um cuzinho também é coisa boa... (há,há,há )
-Cleo... Não sou viado,
apenas já “lanchei” hoje! Pode ficar tranquilinha ai... Já estamos chegando.
Puta merda, quanta poesia.
Quando chegamos à Floriano, ela me agradeceu e se foi. Depois de uns cinco
passos, ela vira pra trás e diante de uma parada de ônibus cheia ela grita: Negão...
To devendo um boquete viu! Só me cobrar que eu pago...
Olhei as pessoas na
parada, elas também me olharam também, umas riram e outras ficaram enojadas.
Arranquei o mais rápido que pude.
Luís Fabiano.
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