Trecho Solto...
“...quanto a mim, prefiro cá as minhas cervejinhas, não
me meto com sujeira, não por causa da policia, mas porque esse negocio me chateia
e causa pouco efeito, admito no entanto, que o barato provocado pelo álcool e
por dona Mary seja diferente. E possível ficar alto com a erva e nem sentir; com
a birita a gente, em geral, sabe muito bem o que esta fazendo, eu sou da velha
guarda: gosto de saber o que faço, mas se você preferir maconha, ácido ou
seringa, não tenho nada contra. O problema é seu e, se achar que assim é que
deve ser, tudo bem, assunto encerrado.
Já basta o numero de comentaristas sociais de escasso QI
que existe por aí. Por que deveria acrescentar o meu sarcasmo privilegiado?
Quem não ouviu ainda essa velhas que vivem dizendo: ”oh, acho simplesmente
ATROZ o que essa juventude anda fazendo por aí, com todas essas drogas e sei lá
mais o quê! Que coisa horrive!” E ai a gente olha pra ela: sem: sem olhos, sem
dentes, sem cérebro, sem alma, sem bunda, sem boca, sem cor, sem animo, sem
humor, sem nada, apenas um sarrafo ambulante, e a gente fica pensando o que o
chá com bolinhos, a igreja e a bonita casa da esquina fizeram por ELA.
E o
velhos, as vezes ficam bem agressivos com o que uma parte da juventude anda
fazendo – “que diabo, trabalhei duro a vida inteira!”( eles acham que isso constitui
uma virtude, quando a única coisa que prova é que o sujeito não passa de um
perfeito idiota) esse pessoal quer ganhar tudo sem fazer nada! Passando o tempo
todo sentado pelos cantos, estragando o corpo com drogas, esperando viver as
custas da riqueza da terra!”
Aí a gente olha pra ELE:
Que duvida, esta com inveja. Foi tapeado, perdeu os
melhores anos se fodendo todo por aí, o que gostaria mesmo, era de cair na
gandaia, se pudesse recomeçar a vida( é o que dizem), só que não pode, por isso
agora quer que os outros sofram como ele sofreu”.
Extraído da obra: Fabulário Geral do delírio Cotidiano –
Charles Bukowski.
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