Navalhadas Curtas: Tanto, por tão pouco...
-Eu não quero nem saber... É dever do supermercado me dá
sacola pra “leva” minhas coisa...
Ele estava furioso, rosto congesto, boca babejante,
dentadura quase caindo... E querendo briga com todos os atendentes. Fiquei
olhando pro tiozinho:
-Chamem... O gerente, tem gerente aqui né? Ou eu deixo as
minhas compras aqui... Mesmo, ô guria (pro caixa)... Zera a conta aí, que se
não tem sacola, vou “deixa” tudo aí... Não quero nem saber... Que fechem esta
merda super...
A gerente pálida veio:
-Senhor, se acalme por favor, tem uma placa na entrada,
dizendo que não damos sacolas...
-Não quero nem saber “mulé”... Não vão dá sacola?
-O senhor pode comprar... custa apenas...
-Custa é nada... É dever de vocês... Não pago nadinha a
mais...
Nisso perguntei pro caixa que me atendia:
-Quanto custa a sacola?
-10 centavos...
Mexi no bolso, eu tinha vinte e cinco centavos. Ela me
deu duas sacolas... Eu olhei para o cara, daria uma sacola pra ele? Não, claro
que não. Ele não merecia. Sorri pra mim mesmo, acho que gosto de apagar incêndios
com gasolina.
Quando estava saindo, eu disse pra ele, que ainda brigava
com a gerente sem jogo de cintura:
-Tchau meu velho... Eu já tenho a minha sacola... Porra
dez centavos... (houve um silencio)
A gerente sorriu pra mim, fiquei até com vontade de
beijar a boca dela, mas acho que não era um bom momento... Puta que pariu dez
centavos?
Luís Fabiano.
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