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quinta-feira, julho 05, 2012




Palavras Ausentes

No canto do bar como um lutador no seu corner
Deixando me levar por uma cerveja barata
Cativo de uma solidão inescapável
Pessoas passam por mim, como cadeiras esquecidas
Sorrio como um idiota simpático para o nada
Um pescador sem isca...

Depois da terceira gelada, o mundo começava a ficar um pouco melhor
Deslizando, como a merda gosmenta para dentro do vaso
Foi quando percebi uma velha me olhando de canto
Parecia um esqueleto animado... morto talvez...
Belos olhos negros, fumava um baseado e parecia saber o que queria...

Ficamos nos olhando... entre uma nevoa de fumaça
Num combate mudo de precedentes sonhadores
O corpo estava bem destruído, pensei, ela tem uma xoxota diet, magra e seca
Um pouco de cuspe, uma lambidinha suave
E o paraíso se realiza...

Então eu fui até sua mesa
Sem dizer nada, sentei
Ainda nos olhávamos como viajantes do silencio
Gostaria que as coisas fossem assim na vida
Entendimento puro, dor, prazer sem entrelinhas ou divagações...
Ela pegou minha mão... a dela estava fria
O pau subiu como uma chama de napalm 
Ficamos naquilo... energia pura do inferno

Ela levantou me pegando pela mão
Eu sua cria... seu animalzinho dócil... conduzido ao abatedouro
Fomos ao banheiro comum do bar, cheiro de mijo e merda...
E lá entre portas fechadas, aqueles bracinhos fininhos se entrelaçaram a mim
Beijei aquela boca murcha
Suguei aquelas tetas sem leite, com bicos flácidos
Massageie aquele grelo seco como um deserto

Ela era craque em punhetas... e assim foi tudo
Uma gozada calada em uma paz navalhante...
Quando saímos...
Não houve adeus, telefone ou e-mail... ela apenas seguiu seu caminho
E eu pedi outra cerveja... estava de volta ao corner...


Luís Fabiano.


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