Fila
Na fila do caixa, como uma linha do abatedouro
Vacas tristes em desfile
A fila que fazia muitas voltas... uma macabra serpente...
Um idiota tomando conta, como se fosse a coisa mais importante
Éramos patéticos animados
Sem musica ou atração
Me abandonei
Então comecei a reparar nos rostos das pessoas
Fiz um esforço profundo para tentar ver sua força
Porra, não havia nada lá...
Assuntos baratos, olhares vagos
Um caixa sem sorriso
Sem malabaristas nas esquinas
Abandonei os rostos... me dediquei aos peitos e bundas
Por vezes tetas são mais importantes que olhos
E a bundas gritam mais que as almas
Mas não havia grande coisa...
Talvez se todos estivéssemos pelados bem...
E promovêssemos uma suruba, a coisa ficaria mais interessante
Mas não... eu era cativo da fila, do caixa
De almas sem força, tetas sem beleza e olhos sem brilho
Algemados uns aos outros com cuspe e indiferença
A espera do tempo
Estamos todos na fila
Abate, e uma chama que se extingue lenta como uma lesma
Damos um passo hoje e outro amanha
Mas nunca sabemos exatamente como será
Esperanças que se perdem
Nossos pedaços ficando pelo caminho
Marcas na pele... traços na memoria
E nenhum vestígio de salvação a vista
Então como uma prece que se realiza
O caixa sem sorriso: seguinte...
Eu era o seguinte... e naquele instante ela pareceu melhor que Deus.
Luís Fabiano
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