“Por volta das seis da tarde o tempo nublou e começou a chover com muito vento. Era um aguaceiro torrencial. Fechei as janelas e coloquei numero dois de Brahms, em fá maior. Servi para mim um copo de rum puro, e fiquei olhando detidamente aquela torrente de agua se precipitando sobre o mar e sobre a cidade.
Ando pela casa e rejo a orquestra. Allegro no tropo. Rejo com perfeição. Isto é que é vida! A solidão, a música perfeita, o rum, a fúria da agua e os trovões. E eu esplendido e maravilhoso exemplar único.
Tirei o short e a camiseta e sai nu para o terraço para me encharcar no diluvio frio.
Os relâmpagos e os trovões. Tudo ao meu redor esta cinzento. Uma torrente cerrada de chuva cai sobre a cidade, e escuto Brahms vibrando. Allegro com spirito.
Que porra! Eu, o melhor de todos! Quem disse que não vale a pena?!”
Pedro Juan Gutierrez – O Insaciável Homem-Aranha
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