Filetes de Sangue:


Ela não era minha filha de sangue. Não precisava. Ela me adotou em sua alma, me chamando de pai do coração.

Não sabia se seria um bom pai. Creio que nunca vou saber. Mas naqueles dias passados, tentei dar do meu melhor a ela, preparando-a para vida real do mundo... através de algumas coisas que fiz e disse.
Consegui?

Também não sei. Sinceramente, dizer adeus não é meu forte. Acho que todos somos circunstanciais... naquela circunstancia acho que fui importante, estava ali e a fiz dormir, contei algumas historias... sorrimos juntos.

Acabou... separei-me... e ela, eu levei em mim... pedaços de lembranças lindas, de um sorriso que não finda... balanços que se embalam... o vento na pracinha... e o olhar me dizendo:

-Pai... não vamos embora ainda tá? Mais um pouquinho...
-Tá.

Não sei o que ficou. Mas na minha melhor intenção... que algo de bom lhe tenha ficado incrustado na alma... alguma coisa... qualquer coisa que a ajude amanha, de alguma forma eu estarei ali...

Luís Fabiano.