Ruas Nem tão Desertas
Nem todas as noites são iguais
Alias nada é
Mesmo para o embrião em câmera lenta
Sonhando a vida em sua noite
Riscando razões
Pescando sentidos
O mundo é a noite que o dia ofusca
Então se descobre que tudo fala
Em mim, em ti, nas ruas de pedra e calçadas úmidas
Chuvas e lagrimas
No silencio voraz
Na madrugada sombria, flores do mal espocam
A beleza visceral do asfalto em abandono
Janelas que se fecham como olhos
Que adormecem, que se apagam
Fiquei ali sorvendo desertos
Sentindo o vazio complementar de coisas que me faltam
Consentindo paz as inquietudes
Sim...
Eu era uma espécie de feto na noite de minha gestação
Um pequeno monstrinho querendo apenas viver...
Mas nada na vida é gratuito...
Eles foram surgindo dos bueiros
Das sombras, nadando nas valetas...
Do nada
Dardos afiados do querer
Pedindo cigarros, dinheiro, avaliando um crime
Predadores que vagam nas horas escassas e caladas
Quando o bem o mal dormem abraçados
Achei que hora de recolher então...
Pois é preciso ler até onde se vai
E que feras você esta disposto a enfrentar
Por vezes detesto me tornar pior do que sou
A besta alada singrando o abismo
Entoa sua musica celeste
Num afago carinhoso com as estrelas, os cometas e lua...
Nem feras, nem anjos
Mas não sabemos o que há atrás da próxima esquina.
Luís Fabiano.
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