Flor Molhada
Ela flui suavemente escorregando em segredo
Toda aquela seiva perfumada
Um clamor silencioso do querer, orvalhando lhe as pétalas rosadas
Num visgo gelatinoso do desejo
Alcançando-nos a alma em torrentes
Do impensado
O arco-íris sem querer
Nada pode ser melhor
A recriação da vida
A música dos gemidos, sussurros e uivos
Agarrados pela noite adentro
Na orgia celeste das estrelas com os anjos
Ela me mastiga lentamente em sua intimidade
Como e sou engolido
No sacrifício que devora e é devorado
Sou o regador da flor
O jardineiro da consumação em orbita
Onde culminam sêmen e alma
Na teia da mente, estreitada as glândulas em disparada
Afago-lhe as pétalas
Futuco-lhe as entranhas na sutileza do amanhecer
E a linfa escorre para as fendas mais profundas
O esconderijo e morredouro dos desejos ocultos
Virginais da brutalidade dilacerante
Molhando, acarinhando, enlouquecendo e delirando
Despertando o ontem nas dobras do hoje
O botão de sua rosa se abre a primeira vez
E dela nascem desejo, beleza e paz
O clamor silencioso rasga o silencio
E desespero e alegria
Amalgamam-se no brilho da retina.
Luís Fabiano.
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