Marcas no Colchão
Tenho um apego asqueroso
Viga mestra do nojo sentimental
Os piores sentimentos cultivados em cativeiro
Apalpados por nós todos os dias
Como uma masturbação obrigatória
E como tudo que nos cerca
Deixa um visgo de lesma despejado no chão
Aquele colchão falava por suas marcas
Como feridas pela dor, a infecção...
Nada era puro
Não havia marcas da agua batismal
Era o impuro derramando nas tormentas da vida ordinária
Alegrias e tristeza querendo ganhar asas...
No fantástico desfigurado
Das tolices derradeiras
Marcas de porra...
Cerveja...whisky...merda...um pouco do vomito...
Mijo de vagabundas celestiais cuspindo prazer e muco
Em minha ereção desafiando os anjos
Haviam marcas que desconhecida
Manchas que apodreceram em doença brilhantes
Desbotaram e tornaram outras manchas
Mais ou menos como nós
Engolindo o menos pior
Para converter a felicidade na gama visível
Sorri como um louco
Vendo o colchão velho
Palco de tantas fodas e mijadas
O tapete voador
E orgulhoso por estar assim desgastado
As rugas da historia sussurrando
As pregas do rabo misturando-se aos anos...
Ainda bem que ele não é um colchão de freira...
É minha câmara transcendental
Ali o mundo muda
Enquanto aguardo o descanso final.
Luís Fabiano.
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