Pesquisar este blog

segunda-feira, outubro 10, 2011


Foto tirada por Luís Fabiano

Navalhadas Curtas: Merda e tapas


É no banheiro que as almas se confessam. Mais uma vez, mais uma cagada regada a poemas duros e rascantes. Enquanto no andar de baixo, a vizinha gritava com a mãe, uma idosa que se encontra doente, aquelas doenças que vão levando ao fim lentamente:

-Mãe para com isso...para olha só... tu ta toda cagada... porque tu cagou assim? Porque não chamou?

A velha tenta articular algumas palavras balbuciadas, percebe-se pesar e dor na sua expressão. A mulher segue agredindo a mãe:

-Tu não presta pra mais nada mais não né? Agora é só incomodação... que horror... olha isso tu cagou a roupa toda... tu fez de propósito né? É só pra incomodar...

Poemas duros, e aquela mulher agredindo a mãe, a merda , a vida e a morte. Normalmente não me meto em problemas alheios, meu desejo sincero, é que o mundo foda-se. Foi quando ouvi um tapa... puta que pariu... e ninguém ia dizer nada?

Azar eu teria que me incomodar com a vizinha debaixo...então, levantei, subi no vaso e não vão basculante do banheiro gritei para baixo:

-Ei você!! Pare de bater em sua mãe, da pra ouvir daqui... alguém pode te denunciar sua vaca...

Minha voz ecoava pelo vão. E ninguém respondeu nada.
Voltei para minha merda e meus poemas duros, maldito mundo.

Luís Fabiano.


Nenhum comentário: