Pés de cobra
Sentada em abandono
Era uma afronta aos instintos
Marcas do batom na xicara de café
Cigarro fálico entre os dedos
Olhos distantes com um leve quê de tristeza heroica
Meus olhos deslizaram por suas linhas
Tudo parecia tão perfeito a distancia
Nem um fio de cabelo fora do lugar
A mesa era uma ilha matinal
Pouco importa o que houvesse por detrás
Solidão voluntária, mau humor, vontades não saciadas
Um vulcão de merda entrando em erupção
Olhei os homens a volta dela
Distantes, indiferentes entregues a celulares brilhantes
Mensagens virtuais diante da realidade despida
Sorri como um louco naquele café
Aqueles caras eram os tipos que não comiam ninguém
E eu não tinha tempo
Seja como fosse toda aquela perfeição dava-me arrepios
Porque sempre há algo errado em tudo tão certo
Ela não tinha o habito de sorrir
A estatua feroz
Então olhei a longitude de suas pernas
Horizontes de promessas no templo
Foi quando vi seus pés
Sapatos muito agudos em couro de cobra
Não era uma questão politica do zelo pela merda da natureza
Aquilo não era um bom sinal
Algo cintilante e vermelho na floresta
Garras que apareciam no quarto à noite
Poderíamos arrancar os sapatos
Mas ainda sim seria perigoso.
Luís Fabiano.
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