Pedrinhas
Gosto de caminhar no largo do Mercado
Nas calçadas esculpidas de pedrinhas brancas e pretas
Desenhos incertos que se desmancham
Engolidos pelos tempos idos
Bonitas e quase melancólicas calçadas
Hoje os desenhos se mesclam a lama das ruas gritantes
As pedrinhas faltantes
A saudade e ausência
Formas disformes em querer
O que deveria ser escapa
Esquece abraçado a diluídas memorias
E a alguns parcos sentimentos
Gosto de caminhar ali ainda sim
Em meio ao lixo fragmentos do lixo
Obras em feridas abertas
Olhos vazados
Tempo com dentes afiados
É uma calçada
Não sei bem o que sinto
Vou atrás da sensação enfiada em minhas entranhas
Vícios e paixões em declive
Alma que se mistura a tudo e parte
Chão que se mescla aos desejos imprecisos do entardecer
A doce sensação de uma paz intuitiva e resgatada
Das pedra sem pedra
Inteirando o amor vaporoso
Sussurrando saudades infinitas
Suprimindo o vazio das pedras que se perdem a eira
Com os pedaços de minha alma que o tempo consome
Pena que é uma calçada pequena.
Luís Fabiano.
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