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domingo, setembro 04, 2011

Navalhadas Curtas: No verdade


Ela se aproximou de mim muito angustiada. Uma vaca ruminando nosso passado e vomitando a merda toda na minha frente. O porquê de tantas coisas, o porquê nada deu certo, o porquê isso ou aquilo aconteceu...

Ouvia em silencio no limiar da paciência. Não penso em passado nunca, considero uma perda de tempo, o quadro abandonado na parede, o eco dos tempos primitivos. A arte de viver é eternizar o segundo que se vive. A vida é a construção do agora.
Quando terminou de falar, não respondi nada sobre o assunto:

-Olha Angelita, o papo tá maravilhoso mas eu tenho um pedido pra ti...
-Que é?
-Na próxima vez que conversarmos, mente pra mim, por favor, mente pra mim tá? Conta uma historia que pareça de verdade mas que seja mentira. Chega de verdades fulminantes, chega de lagrimas e ranhos da alma, mente descaradamente pra mi, mas com emoção, mente tá bom? Não quero saber das tuas verdades e nem da verdade de ninguém.

Ela me olha, olhos estão rasos d’água, uma nascente de tristezas em silencio. Que merda, gostar é foda.


Luís Fabiano.

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