Decisão
Diante do cão que baba raiva
Gatilho puxado da fuga impossível
Lâmina na jugular penteando a alma
Arrancando lentamente farpas agudas de ilusão
Num parto de si
Explodindo vida
Vísceras translúcidas da verdade
O dente luminoso e afiado riscando frágeis carnes
Mandíbula de tigre
Coração entregue as asas serenas do destino
Enquanto o tempo mastiga nossos minutos escassos
Reduzindo a vida a ossos, alma e saudade
Ratos roem outras ilusões
Ferrugem o ferro
E nos atônitos
Costuramos restos em esperanças malditas
Na palavra final do médico
Na sentença inapelável da culpa
No silencio torturante de ansiedades riscando estrelas
Quando o brutal em nós acorda
Vomitando intolerância
Desfazendo a plácida apatia que cultivamos em semente
Ali ouvimos o chamado
Entre dentes clamando afagar de asas
Aprisco bom sem deserto
Feridas se curam
Resseca a dor, afrouxando laço forte
Dançam pensamentos em voluptuosas caricias
Afagando sexos gentis
Umedecendo almas com baba de amor
Uma vez mais, coragem que parte medos
Pois para ser merecedor
É preciso imolar-se com prazer
Torturado e feliz na entrega plena
Consumir-se em beleza.
Luís Fabiano.
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