Coração de Puta
Ela é uma e todas
Mares de inquietação
Culpa e medo
Os sentimentos em ebulição, o sopro de satã
A dona de casa de pernas costuradas
Casadas que não trepam ou fazem amor
Vendo o príncipe desmontar-se cotidianamente
Pedaço a pedaço aqui e ali
Enquanto seu coração
Tenta transformar tudo em amor lindo
Lindo, inocente repleto de anseios fantásticos
Sublimidade manchada de ausências e faltas
A fuga da essência
Enquanto a vagina fica tão úmida quando seus olhos
Calando no silencio ruidoso
Nas vozes dos filhos que pedem atenção
Nas tetas ficando murchas
Os olhos perdendo o brilho
A fera sendo domesticada e apagando-se
Tempo filho da puta de dentes afiados
A buceta secando em areia
Deserto assoviando a solidão das solidões
Corpo que não acende mais nas notas mais altas
A puta desaparecendo lentamente em vida
Comida por dentro
Vermes pútridos em embate
Engolida por tudo
A mulher também vai sucumbindo
Nas lembranças rascantes
Sombras balançantes ao vento
Saudades reais
E sonhos desfeitos
A freira nervosa com o coração em chamas
A que se entrega a essência de seu prazer
Solitária que seja
Dedos que dançam molhados
Entre o desejo e o céu azul
Ou inferno
A vontade de mandar tudo a merda
Gozar como uma cadela no cio
A vagabunda celestial quer
A cortesã do diabo sussurra
Aquela que você quer que morra
Enquanto a vida passa raivosa
Ela é uma todas
E eu vejo o teu coração
Sei a puta que és.
Luís Fabiano.
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