Gengivas musculosas
Samanta era uma sex... melhor dona Samanta, era uma sexagenária. Tivemos um caso breve e tórrido, repleto de todos os elementos de paixão arrebatadora, e claro de término fatal. Ela contava com sessenta e sete anos, uma disposição invejável de mulheres de vinte. Lembro de certa vez pensar: ela tinha pacto com o demônio?
Coxas firmes, pelas caminhadas e uma musculação leve, um cabelo bem hidratado, um olhar sorrateiro e decidido, uma vagina que era uma cachoeira de líquidos tenros. Mas não havia milagre, ela gostava de viver, queria viver e tomava os remédios certos. Remédios que diziam para seu corpo, que ele na verdade tinha trinta e sete. Fazia parte do seu ritual.
Encontramos-nos na noite, nos lugares “mal” frequentados da vida, algumas bebidas depois escorregávamos um para dentro do outro. As bebidas podem ser poções xamanicas modernas, capazes de nos levar sem muita crítica a fazer coisas. Mas claro eu só fui pensar nisso no outro dia. Quando acordamos, e a aparência da manha, é a única verdade que existe na vida. O resto é ilusão produzida, efeitos especiais os quais preferimos, a realidade nua e crua.
Eu acordei primeiro, pude constatar que o cabelo de Samanta estava saindo da cabeça todo ele... a cabeça toda? Não seria possível... é...ela usava uma peruca loira que até parecia cabelo de verdade. Relaxei afinal, cada um se vira como pode. Ela dormia ainda, roncava, por um breve instante fiquei admirando o corpo bom, que estava em relativa ordem isso me motivou mais. Encaixei o meu pequeno membro entre suas coxas e fiquei ali, quentinho e molhado... mas a vida teria outras surpresas pela frente.
Quando acordou, sentiu meu pau lá, fez leves movimentos graciosos, estava molhava. Isso ao amanhecer é bom mesmo, da ficar quase eternamente nisso. As vezes penso que a vida deveria ser assim. Então Samanta se vira pra mim, queria me dar o beijo de bom dia, quando se vira, olho para seu rosto matinal, sem pintura, babada e tudo parecia bem. Então ela me beija com uma língua, que mais parecia alisar minhas amidalas, quando coloquei a minha língua em sua boca, dei falta de alguma coisa... opa... onde estariam os dentes? Dentes ?? Jesus, que mais viria?
Aquilo me deu uma aflição, senti que descia uma escada no escuro, minha língua acariciou suas gengivas moles, com se tivesse beijando uma lesma melada e quente. Resisti como um macho, lembrando que uma frase: quando se vai ao inferno, é preciso beijar o demônio. Eu tenho esta disposição e muito mais, não desisto fácil. A única coisa que me derrota, sou eu mesmo. Fui em frente corajosamente. Tenho um defeito (ou qualidade nem sei) grave, eu gosto muito de mulheres. Gosto de todas elas, do jeito que são, como são, da forma que são, a bem da verdade, a forma diz muito pouco pra mim, o que vale o que carregam, o elemento complementar para mim, um elemento que não é possível criar artificialmente. Puta merda, tesão é tesão.
Ficamos naquilo, entre a baba matinal, remelas, hálito viciado e beijos intermináveis em lesmas. Fui em frente, uma cavalgada, suas pernas fortes subiram para cima de mim, sua vagina era de uma mulher jovem, incrível contraste rosado, rubro destilando secreções ,a porra feminina. As tetas balançam firmes, gosto de tetas que balançam. Nisso a peruca já havia caído totalmente, dando uma aparência de um cabelo ralo, quase calvo e branco, os dentes que haviam desaparecido mesmo. Procurei-os em um copo com um olho meio aberto, mas nada. Azar, foda-se, aquilo era um mistério, uma estrada que só Deus sabe onde iria dar.
Tivemos um orgasmo explosivo, ela era incrivelmente forte, apertou meu membro como um torno, puxando dele até a última gota de porra, entre os gritos mais selvagens que um humano pode dar. Gosto disso, mulheres que berram, que soltam seus instintos verdadeiros, sem reprimir nada, as pessoas se reprimem demais. Ela uivava, meio que chorava e no final teve um gozo tão aguado ou mijado que adorei.
Bem, agora o que seria?
Eu tinha vontade de ir embora, nosso diálogo não era dos melhores, éramos estranhos que trepavam bem. Acho que isso pode ser uma benção as vezes. Tem algumas mulheres que conversam bem, me inspiram a falar de coisas, outras são áridas, e os longos silêncios nos conduzem ao prazer e acaba, até a próxima vez. Sempre achei estranho isso, mas o corpo fala nas notas musicais dos desejos. Relaxei quanto a isso, não se pode ser absoluto para alguém, mas se pode ser muitas coisas. A comparação grotesca, é que vivemos a vida, sem nos dar conta plenamente da imensa desimportância de nossa existência, para o universo por exemplo. As estrelas não se abalam com nossas picuinhas, o sol não se importa se temos guerras ou morremos lentamente dia a dia. A natureza faz sua parte, ignorando complemente se tua vida é uma merda ou não Se tua vida é uma merda, bem, você mesmo é responsável por isso, seja feliz com sua merda ou deleite-se no seu mel, apenas não torre os culhões alheios.
Ela saiu de cima de mim, ficamos em silencio, nos recuperando daquela maravilhosa foda. Olhei para ela e não acreditei, fantástica aquela mulher. Ela poderia ser minha mãe, que maravilha. Samanta começa a se recompor, peruca, os dentes no banheiro, uma breve pintura. Tudo isso em silencio de oração, algo que dizia mais ou menos que era hora de ir. Realmente era a hora. Não tomei banho, me vesti, naquele silencio sem cumplicidade, ela sorria as vezes pra mim. Agora estava bonita novamente, eu disse:
-Bem Samanta, to indo...
-Ta bem, mas olha, tu vais voltar?
-Você quer que eu volte?
-Sim, sou mulher e tenho minhas necessidades, tu me ajudas nisso?
-Tudo bem.
Ela me abraça, aquele silencio persiste, não entendia e não queria entender. Não deseje devassar os abismos alheios. Todos carregamos algo, e mesmo dentro de nossa falta de importância, a vida deseja a vida, as almas a paz, e nos segundos que se escoam buscamos isso desesperadamente, mergulhando no amor possível, nos fragmentos de felicidade, na ânsia quase dolorosa de salvar-se.
Acho que hoje nos salvamos um pouco, ainda que seja apenas um pouco.
Paz.
Luís Fabiano.
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