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domingo, julho 10, 2011



Domingo Desalento

Tem dias que abrir os olhos pela manha é terrível
O nó na garganta
Os pedaços mal digeridos do ontem
Gosto ácido na boca
Fel adocicado destilado entre ausências e saudades
A cabeça toca a Cavalgada das Valquírias
Mas sem Valquírias
Antes fosse apenas ressaca
Uma vomitada um pouco d’água a cura
O chão ruindo sob meus pés
Minhocas e vermes minando o solo
Olho pra cima
O teto confunde-se ao céu cinza
Um grito mudo de desespero
Quero agarrar-me aos cabelos de Deus
Agarrar-me as tetas de Maria
Qualquer coisa
Dependurar-me nos galhos retorcidos do amor
Mas nada acontece
E esse aperto claustrofóbico no meu peito?
Recém abri os olhos neste domingo cinza
Preciso resistir as janelas
Preciso resistir a tudo
Ao mal estar
Ao veneno
Levanto correndo e vomito
E outra vez, e outra vez...
Lágrimas nos olhos
Cara colada ao sanitário
Um breve alivio estelar
Acho que é o inicio da esperança
Volto ao leito
Meu esquife
Durmo cinco minutos
Acordo novamente
Ainda não tenho muitas respostas
Mas não importa
Sinto-me melhor
No telefone silencioso algumas chamadas brilham
Desejos fulgurantes frustram-se
Mas hoje não...
Deixem-me morrer em paz.

 
Luís Fabiano.

Um comentário:

Dóris disse...

Hum...final de semana ruim. Texto lúgubre.

Abraço carinhoso.