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sábado, abril 02, 2011



Nirvana, não Budista

Escutar Nirvana lembra-me família
Contradições que passaram em branco
Entravamos todos no carro de meu pai
E íamos trabalhar, estudar e fazer a porra toda
Ouvíamos sempre a mesma radio
E nestas manhas frias de inverno
Éramos embalados por Smells Like Teen spirit
Meu pai detestava a musica, mas não mudava a radio
O sol nublado no vidro da frente
Beleza que dificultava ver a adiante
Um silencio sonolento no carro
E Nirvana fudendo nossas almas
Amaldiçoando futuros e sorrindo de nossa camuflada felicidade
Não sei o que os outros membros da família pensavam
Minha irmã, mãe e pai, eu estava em paz
Aquela trilha fazia parte de tudo
Ficavam em silencio pensando
Eu gozando lentamente, com aqueles atordoantes acordes
Desconhecia ausências e dores sem consolo
Lágrimas densas ou prazeres corrompidos
Restava em mim e talvez em todos, um pouco de santidade
Acaricia a lembrança suave de dias engolidos
Não deixando lamentos ou amarguras fendendo o tempo
Talvez o algo, que não foi de todo entendido naqueles amanheceres
Por que ouviam Nirvana?
Porque não ringiam os dentes?
E não trocavam de rádio?
Não tenho tais respostas, não tantas outras respostas
Mas tenho um pouco de serena saudade
Tenho também uma plena alegria de ter vivido aqueles dias
E quando fica por demais opresso
Em meu berço de agonias
Bem,
Eu ouço Nirvana

Luís Fabiano.

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