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quinta-feira, março 03, 2011

Socializando prazeres

Socializando prazeres


Não sou um cara social. Gosto de ser completamente antissocial. A grande maioria das pessoas que conheço não tem nada a acrescentar, então para cultivar o nada eu prefiro permanecer sozinho. Isso não descarta meu cinismo. Às vezes é preciso fazer uma cara simpática e fazer de conta que se esta agradando. Mas por pura estratégia de paz. Dê o que as pessoas querem, e elas não vão incomodar, existem tipos assim. Então no fundo todo agrado, não passa de mero egoísmo de minha parte.

Mas às vezes aceito algum convite para qualquer coisa. Tenho um casal conhecido, me convidaram para bater papo em sua casa. Não aceitei varias vezes. Não tinha intimidade para tanto, que eles queriam falar afinal? Tenho apenas dois ou três amigos, o restante é meramente coadjuvante.

Eu os conheci em uma festa de aniversario que fui algum tempo atrás. Pareciam ser bem legais. A mulher muito grande, morena cabelos compridos e pele de neve. O cara muito simpático ria facilmente e sempre tinha algo a dizer. Creio que aquilo foi afinidade espontânea. Às vezes acontece. Gostaria que eu tivesse falado com eles talvez por outras intenções. O que me chamou atenção foram os peitos dela dentro de um decote que dava a impressão que as tetas iriam pular pra fora. Aquilo e a cerveja faziam uma boa mistura.

Quando vi estava em uma roda de conversa, com gente estranha, então fiquei falando com Érica e Marco. Deram-me alguma atenção, e creio que isso funcionou bem. Falamos de tudo. A bebida ajuda nestas coisas, estranhos se tornam melhores amigos. Eu bêbado sou mais simpático, então fiz algumas brincadeiras, algumas imitações e ria sozinho. Bem, a festa acabou e trocamos e-mails e telefones. Para mim era fim.

O contato com as pessoas precisa ser algo intenso, para que valha a pena. Se for algo como olhar vitrines, passatempo, então qualquer um serve, porque esta estrada nos conduzirá a nada. O nada é uma palavra muito presente em minha vida. Pelo tempo e minha visão que foi se burilando, olho hoje para as pessoas, mesmo as poucas que amo, como uma total ausência de expectativas e paixão. O que os ignorantes chamam de frieza, eu chamo de serenidade.

Creio que nunca encontrei uma única pessoa em minha vida, que amasse desta forma. Um amor tão forte a ponto de me tratar como qualquer um, sem que isso desmereça a beleza, a profundidade do sentimento.

Os amores que conheci e tive, eram profundamente eivados de egoísmo, interesses, misérias de suas almas, passionais e mentirosos e por ser tudo isso, poderia ser chamado de qualquer coisa, mas não amor. Mas raramente queremos ver assim, preferimos simplificar tudo, e a porra toda se torna amor. Sinceramente? Fodam-se com esse tipo de amor.

Então Érica me liga, diz vai ter um momento cultural em sua casa, que estava convidando algum artista local, músicos, cantores, escritores e outras pessoas que gostavam de arte. Aquilo parecia promissor. Algo informal gente iria mostrar seus dons. Eu não tenho dom algum, iria curtir e quem sabe aprender algo. É importante estar aberto a querer aprender. Entendo isso como a chave da vida. Não se torne uma ilha de que sabe as coisas, mantenha a mente flexível, para o bem e para o mal. Nunca se sabe o que se pode precisar.

A noite caiu e por volta das vinte horas fui. A casa é na praia do Laranjal. Uma linda casa e todos conversavam animados. Senti um forte cheiro de maconha, mas ignorei, algumas pessoas fumavam tranquilamente no sofá, e um violão suave tocava,sem voz apenas aqueles acordes. Não preciso dizer que não conhecia ninguém.

Érica me recebeu a porta, e sentei-me na fronteira dos tomadores de whisky e os fumadores de maconha. Eu fiquei com a cerveja. Fiquei olhando os tipos. Todos sabemos que artistas são naturalmente alternativos. Gostei do local. Fiquei conversando com Erica, que estava linda em um vestido preto justo, as tetas ainda queriam pular para fora do decote:

-Então Fabiano, tá gostando? O pessoal aqui é conhecido, aos poucos vão se soltando e ai coisa fica interessante...
-Sim, pra mim tá ótimo, acho até que eles nem precisam soltar-se mais...

Érica ria gostosamente. Sugaria aquelas tetas rezando de joelhos. Então, ela ergue-se e vai fazer alguns anúncios, chamaria algumas pessoas para mostrarem seus dons. Era este o foco de tudo aquilo.

Tinha um pequeno palco armado próximo à piscina, um banco alto, violão e um som. Érica faz o anuncio e um cara chamado Jacózinho sobe no palco, limpando o nariz de alguma impureza. Pega o violão, e toca musica flamenca, o cara esta alto e toca com muita vontade, vibrando tocadas espanholas. Toca cinco musicas e é aplaudido.

Aquilo estava bonito. Como sempre digo uma daquelas noites que sinto que já posso morrer que ficarei bem. O segundo cara que sobe no palco, traz algumas folhas nas mãos. Diz:

-Hello pessoal...aí beleza...seguinte, pra esta noite eu trouxe uns poemas duros, escritos em minha depressão do mês passado...então isso é bem verdadeiro...eu acho que a vida esta carecendo de realidade...tudo esta muito virtual...estamos todos lentamente nos virtualizando...e perdendo a coisa mais intensa que é lagrima ,a dor, a raiva...

Acho que o cara ainda estava em depressão apenas não havia percebido isso. Detesto depressivos. Ele foi lendo aqueles poemas, e havia um silencio sepulcral no ambiente, isso parecia bom, todos o conheciam e entendiam seus problemas. Quando Francisco terminou de ler o ultimo poema, entre algumas lagrimas, foi aplaudido.

Marco, marido de Érica sobe no palco. Estava vestido de bailarino. Então uma linda musica conhecida, como Sonata ao Luar de Tomaso Albinoni entoa, começa com um volume baixo e vai subindo ganhando os ares da noite, talvez buscando as estrelas por sua beleza semelhante. Marco faz uma coreografia, dançava com leveza tornando seus movimentos parte dos violinos da musica. Fiquei tocado com aquilo. Gosto de bons clássicos, alguns adentram minha alma e às vezes encontram algo de bom dentro em mim.

Quando terminou sua performance, aplausos longos e gritos. Ele era bom. Vi mais algumas apresentações, todos artistas informais e esforçados, que gostavam de mostrar algo. Fiquei pensando o quanto faz falta isso em nossa cidade. Um lugar aberto, que seja para mostrar o que se tem. Ainda que o cara suba no palco e bata uma punheta caprichada, onde não existam amputações ideológicas, talvez víssemos boas cosias ali. Mas certamente seria há experiência.

O encontro cultural encaminhava-se para o final. Estávamos eu, Érica e Marco conversando na sala. Eles pareciam altos com alguma coisa, olhos brilhavam demais, mas mantinham-se tranquilo. Falávamos amenidades, elogiei a ideia cultural.

Em um dado momento, elogiei o belo vestido de Erica. Às vezes um elogio provoca uma avalanche. Ela sorriu e olhou para Marcos, que também sorriu. Havia algo ali e eu não estava entendendo. Naturalmente minha malicia e maldade entraram em ação. As tetas de Érica estavam lindas ali. Achei que deveria movimentar um pouco as coisas:

-Belo vestido Érica, e lindo decote...
-Tu gostaste só do decote dela? – diz Marco.
Olho para ele, esta com uma expressão estranha nos olhos. Respondo:
-Não Marco, a bem da verdade tua mulher é muito gostosa...
-Então cara, que tu tá esperando, pega ela...ela te quer também...

A vida deve ser realmente uma boa surpresa. Fiquei pensando por um instante, talvez aquilo fosse uma sacanagem. Mas àquela hora creio que isso não faria diferença. Fui até onde estava Erica, e abracei. Marco com sua roupa de bailarino nos olhava avidamente. A beijo longamente enfio a mão entre aquelas lindas tetas. Marco se levanta, queria participar da jogada. Agora mostrava trejeitos hermafroditas. Imaginei que ele queria era me comer. E já fui dizendo:

-Calma ai cumpadi...fica tranquilo aí...não venha querendo...que minha praia não é o homem...

Ele me olha se senta no sofá novamente. Não parecia muito satisfeito. Então tira a piroca pra fora e fica se masturbando, enquanto eu vou agarrando sua doce mulherzinha. As coisas ganharam ares sórdidos, uma putaria escancarada, é isso que posso dizer. Ela era toda linda, e fazia o perfil limpinha demais. Mas nos entendemos bem. No final, todos gozamos.

Sentia-me cansado e bêbado, exatamente o que acontece quando nascemos. Bebi mais um pouco assim mesmo. Então peguei meu carro e vim a quarenta por hora na estrada. Muita cultura em uma noite. Não sei como isso vai se daqui pra frente. Talvez tudo caia no esquecimento, que seja. Não me sentia vencedor ou derrotado, acho que estava em paz, é eu acho.

Luís Fabiano.

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