Louco mundo
Ligo o tevê
E o mundo esta ali
Não sei que mundo é esse
Nem o que dizem
se é verdade
Apresentadores limpos como papel de parede
Vomitando desgraças multimídia
Sem beleza ou harmonia
Não gosto de nada que vejo
Meus vermes se agitam sem esperanças
Fidelidade, verdade ou mentira
Tanto faz
Apenas sei que não gosto
Daqueles sorrisos imbecis, estúpidos e dispensáveis
O cortejo insano da dor
Sibilam desgraças
uivam desespero
grasnam pseudo-soluções
como você
Eu gostaria de tomar um gole de esperança as vezes
gostaria de saber que tudo vai acabar bem
que talvez acorde deste pesadelo
troco o canal
outra vez e outra vez
agora uma orquestra solitária toca
a monótona Ave Maria
agora outras inquietações despertam
já não há o mundo patológico cagando sangue
sou eu, meus abismos e o cheiro de minhas entranhas nuas
o maestro parece feliz
uma boa harmonia
mas aquilo não parecia bom
como velas desfraldadas em uma tempestade
sinto saudade das apresentadoras da tevê
perfeitas, limpas, em trajes sóbrios
seus computadores do inferno
babando tragédias por fibra optica
acho que treparia com elas todas ao mesmo e tempo ao vivo
por um instante, creio que o mundo pararia de verdade
nem radiação, enchentes ou merda
acho que haveria amor
ao menos por um tempo
mas afinal
que não é por um tempo?
Luis Fabiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário