Feras a solta
A noite abre sua mandíbula afiada
Vago nela como carne fresca
Ela sorri pra mim com dentes brancos
Na esquina meninas enfiam risonhamente o nariz no pó
Entre pernas abertas e prazeres outros
Blue Bird concentra os piores e os melhores
Todos dispostos afiados
Tão verdadeiros como um cusparada na calçada
Tão inegáveis como pesadelos de uma noite que não acaba
Feras a solta rosnam
Rasgam a noite e são por ela rasgados
Devorando e sendo devorados
Pedem tudo
Querem arrancar um pedaço de ti
Uma moeda, um cigarro o que for
Enquanto em uma mesa
Meninas-mulheres não sabem o que são
Aproveitando e sendo aproveitadas
Saem e voltam
Rindo facilmente a beira do abismo
Disparadas como flechas em uma gelatina
Blue Bird raiva e consolo
A noite abre sua boca faminta
Almas em frangalhos
Frustração e angustia
Mas um gole de cerveja
A procura de esquecer
Feras a solta unhas e dentes
Vomitam sobre as grades
Querem arranhar as estrelas
Fazendo a luz se apagar
como uma vela que se gasta
Vagamos todos na noite que nos mastiga
Blue Bird toca musica horrível
Hoje nada parece bem
Como grunhidos na escuridão
Vamos embora
Antes que o pior venha
A fera continua solta
A espreita de nossa fera.
Luis Fabiano.
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