Sonhos na ponta de uma agulha
Não sabia se era uma boa idéia ela picar-se no pescoço. Aquela noite já estava pesada demais. Por vezes parece incontrolável. Nós, os animais noturnos entramos em um devaneio, talvez a espera de um milagre, ou morte súbita? Caminhos sem volta.
Quando conheci Jeniffer, ri muito do seu nome. Sempre acho caóticos nomes importados com um sobrenome bem brasileiro. Gosto é gosto. Além do mais sua mãe havia dado este nome a ela, em homenagem a casal vinte. Um seriado que passava nos anos oitenta. Jeniffer estava profanada na raiz.
As coisas começaram mal, é muito difícil que termine diferente. E se depender de mim, que sou essencialmente, um sem esperanças, sem fé em nada, alguém que não crê em absolutamente ninguém, por achar que não vale a pena. Falo inclusive de mim mesmo .Tenho a vaga impressão que Jeniffer está e estará fudida para o resto da vida.
Nem anjos, nem trabalhos de macumba, nem a grande Deusa, Wicca e todas estas porras que ela dizia acreditar. Não gosto de quem esforça-se demais para demonstrar seus pontos d vista.
Ela se prostituia para comprar drogas. Tudo que queria era ficar muito louca. Acho que a entendia. As vezes não entendo e não quero entender estas coisas. A realidade tem sua dose de insanidade, é só pensar bem.
Nos conhecemos em um barzinho mal frequentado nos arrabaldes da cidade. Chamam aquele lugar de o Gueto! Bar Gueto. De longe parecia uma casa de família. Mas só de longe, de longe tudo quase sempre é bom. Quando comecei a ver o naipe das putas, dos clientes, do cenário...achei que iria me meter em problemas sérios. Bandidos, prostitutas e trabalhadores, o espelho da sociedade.
Eles serviam cachaça pura e cerveja mais ou menos gelada. Mulheres por todos os lados, pedaços de carne em decomposição por todos os lados. Tinha-se a impressão que eram donas de casa que resolveram dar por grana.
Lembro de um cheiro forte de esgoto na entrada. Um forte cheiro de merda envelhecida, misturava-se a cachaça e ao odor dos frequentantes. Era preciso ficar a vontade. Sinceramente não sentia-me melhor que eles. Nunca me senti melhor que ninguém. Gostava do que gostavam. Comecei a beber, a bebida é um catalizador, um verniz em uma pintura estragada. Torna as pessoas simpáticas, as mulheres fáceis e as complicações graves.
Conversava com um desconhecido. Ela se aproximou dele. Muito branca como papel. A Branca de Neve do desespero. Muito magra, meio chapada, senta no colo do nobre desconhecido:
-Vamos? Trintinha, vamos ali, faço tudo que você gostar...vem..
Olhei bem pra ela. Já tinha sido uma mulher interessante, com seus vinte e cinco anos, estava muito detonada. Usava uma mini-blusa e uma mini-saia em uma mini alma. Parecia estar meio suja. Jeniffer, tinha todos os cheiros. Asa, suor, ranço e um pouquinho de aroma sexual.
O cara responde:
-Saia daqui, esqueça, hoje só vim tomar minha cachaça, to fodido...
-Haaa, mas que merda... e tu ?
Disse olhando para mim. Tenho pouca resistência a convites.
-Eu o que ?
Veio para meu colo, mais rápida que um jato de mijo. Olhei aquelas perninhas magras, o cheiro dela invadiu minha narina. Aquilo era minha droga mais pesada. Fechei os olhos como um transe de meditação, minha mão escorre seus joelhos subindo, até tocar o paraíso de seus vastos pentelhos. O pau subiu na hora.
-Claro vamos agora.
Ela sobe no carro e vamos para o motel mais barato. Direto e sem escalas. Geralmente no quarto temos grandes supresas. Nos beijamos como amantes saudosos de longo tempo. Quando finalmente tirou a mini saia, adorei ver o monte de vênus. Ela tinha pelos que começavam no umbigo e iam descem e tornando-se crespos, negros e enormes. Adoro as peludas. Pensei comigo: queria ter nascido daquela boceta, grande e peluda.
Jen estava realmente suja. Tudo dizia isso. Mas nada importava. Ela não era puta de alma. Tinha sede, de suas drogas, de amor, de álcool. Fiquei trabalhando um bom tempo. Sem pressa, estar no fundo dela, era suave. Ela gemia baixinho, como um sussurro de um segredo. Se entregou ao momento, ou fingiu muito bem. Ás vezes a aparência é a melhor das reações.
Acabamos. Eu tinha aquele cheiro em mim. Ela fedia como uma porca e ainda sim eu gostava. O cheiro não mente nada.
Jen me olha, pergunta:
-Tu já aplicou injeção em alguém ?
-Sim, em um cachorro de um amigo meu. O cachorro não reclamou nada.
-Se eu te pedir pra fazer isso você faz em mim?
-Onde você quer? Na bunda?
-Não, no pescoço.
-Ei, Jen, não sei é uma boa idéia...você já fez isso antes?
-Nunca me piquei, mas quero começar hoje.
-Porque ?
-Porque hoje eu estou feliz. Agente deve sempre começar algo marcante em um momento feliz...
Nada daquilo fazia sentido. Mas comecei a pensar se aplicaria ou não a injeção. Houve um momento de silencio. Lembrei do cachorro, que fez um fiasco por causa daquela vacina. Meu amigo o segurou. Ele mexia-se demais.
Tenho pouquíssimo senso. Mas achei que não deveria fazer isso. E se a puta morresse ali? Até explicar isso, seria meio complicado. Achei melhor me livrar dela o mais rápido possível.
-Ei Jen, não faça isso, tome aqui sua grana e vamos embora, onde você quer ficar?
-Me deixa no bar...
Céu e inferno é só uma questão de direção. A deixei lá naquele inferninho, estava viva ainda. Mas não sei por quanto tempo. Voltei lá estes dias. Ninguém sabe dizer o que aconteceu com ela. Aquela mulher tinha o cheiro que me faz apaixonar. A pele clara como um luar de inverno e os pelos mais negros que já vi na vida.
As vezes sinto alguma coisa, as vezes sinto saudades.
Luís Fabiano.
A paz, a agulha se enterra lentamente, pra curar ou morrer.
Não sabia se era uma boa idéia ela picar-se no pescoço. Aquela noite já estava pesada demais. Por vezes parece incontrolável. Nós, os animais noturnos entramos em um devaneio, talvez a espera de um milagre, ou morte súbita? Caminhos sem volta.
Quando conheci Jeniffer, ri muito do seu nome. Sempre acho caóticos nomes importados com um sobrenome bem brasileiro. Gosto é gosto. Além do mais sua mãe havia dado este nome a ela, em homenagem a casal vinte. Um seriado que passava nos anos oitenta. Jeniffer estava profanada na raiz.
As coisas começaram mal, é muito difícil que termine diferente. E se depender de mim, que sou essencialmente, um sem esperanças, sem fé em nada, alguém que não crê em absolutamente ninguém, por achar que não vale a pena. Falo inclusive de mim mesmo .Tenho a vaga impressão que Jeniffer está e estará fudida para o resto da vida.
Nem anjos, nem trabalhos de macumba, nem a grande Deusa, Wicca e todas estas porras que ela dizia acreditar. Não gosto de quem esforça-se demais para demonstrar seus pontos d vista.
Ela se prostituia para comprar drogas. Tudo que queria era ficar muito louca. Acho que a entendia. As vezes não entendo e não quero entender estas coisas. A realidade tem sua dose de insanidade, é só pensar bem.
Nos conhecemos em um barzinho mal frequentado nos arrabaldes da cidade. Chamam aquele lugar de o Gueto! Bar Gueto. De longe parecia uma casa de família. Mas só de longe, de longe tudo quase sempre é bom. Quando comecei a ver o naipe das putas, dos clientes, do cenário...achei que iria me meter em problemas sérios. Bandidos, prostitutas e trabalhadores, o espelho da sociedade.
Eles serviam cachaça pura e cerveja mais ou menos gelada. Mulheres por todos os lados, pedaços de carne em decomposição por todos os lados. Tinha-se a impressão que eram donas de casa que resolveram dar por grana.
Lembro de um cheiro forte de esgoto na entrada. Um forte cheiro de merda envelhecida, misturava-se a cachaça e ao odor dos frequentantes. Era preciso ficar a vontade. Sinceramente não sentia-me melhor que eles. Nunca me senti melhor que ninguém. Gostava do que gostavam. Comecei a beber, a bebida é um catalizador, um verniz em uma pintura estragada. Torna as pessoas simpáticas, as mulheres fáceis e as complicações graves.
Conversava com um desconhecido. Ela se aproximou dele. Muito branca como papel. A Branca de Neve do desespero. Muito magra, meio chapada, senta no colo do nobre desconhecido:
-Vamos? Trintinha, vamos ali, faço tudo que você gostar...vem..
Olhei bem pra ela. Já tinha sido uma mulher interessante, com seus vinte e cinco anos, estava muito detonada. Usava uma mini-blusa e uma mini-saia em uma mini alma. Parecia estar meio suja. Jeniffer, tinha todos os cheiros. Asa, suor, ranço e um pouquinho de aroma sexual.
O cara responde:
-Saia daqui, esqueça, hoje só vim tomar minha cachaça, to fodido...
-Haaa, mas que merda... e tu ?
Disse olhando para mim. Tenho pouca resistência a convites.
-Eu o que ?
Veio para meu colo, mais rápida que um jato de mijo. Olhei aquelas perninhas magras, o cheiro dela invadiu minha narina. Aquilo era minha droga mais pesada. Fechei os olhos como um transe de meditação, minha mão escorre seus joelhos subindo, até tocar o paraíso de seus vastos pentelhos. O pau subiu na hora.
-Claro vamos agora.
Ela sobe no carro e vamos para o motel mais barato. Direto e sem escalas. Geralmente no quarto temos grandes supresas. Nos beijamos como amantes saudosos de longo tempo. Quando finalmente tirou a mini saia, adorei ver o monte de vênus. Ela tinha pelos que começavam no umbigo e iam descem e tornando-se crespos, negros e enormes. Adoro as peludas. Pensei comigo: queria ter nascido daquela boceta, grande e peluda.
Jen estava realmente suja. Tudo dizia isso. Mas nada importava. Ela não era puta de alma. Tinha sede, de suas drogas, de amor, de álcool. Fiquei trabalhando um bom tempo. Sem pressa, estar no fundo dela, era suave. Ela gemia baixinho, como um sussurro de um segredo. Se entregou ao momento, ou fingiu muito bem. Ás vezes a aparência é a melhor das reações.
Acabamos. Eu tinha aquele cheiro em mim. Ela fedia como uma porca e ainda sim eu gostava. O cheiro não mente nada.
Jen me olha, pergunta:
-Tu já aplicou injeção em alguém ?
-Sim, em um cachorro de um amigo meu. O cachorro não reclamou nada.
-Se eu te pedir pra fazer isso você faz em mim?
-Onde você quer? Na bunda?
-Não, no pescoço.
-Ei, Jen, não sei é uma boa idéia...você já fez isso antes?
-Nunca me piquei, mas quero começar hoje.
-Porque ?
-Porque hoje eu estou feliz. Agente deve sempre começar algo marcante em um momento feliz...
Nada daquilo fazia sentido. Mas comecei a pensar se aplicaria ou não a injeção. Houve um momento de silencio. Lembrei do cachorro, que fez um fiasco por causa daquela vacina. Meu amigo o segurou. Ele mexia-se demais.
Tenho pouquíssimo senso. Mas achei que não deveria fazer isso. E se a puta morresse ali? Até explicar isso, seria meio complicado. Achei melhor me livrar dela o mais rápido possível.
-Ei Jen, não faça isso, tome aqui sua grana e vamos embora, onde você quer ficar?
-Me deixa no bar...
Céu e inferno é só uma questão de direção. A deixei lá naquele inferninho, estava viva ainda. Mas não sei por quanto tempo. Voltei lá estes dias. Ninguém sabe dizer o que aconteceu com ela. Aquela mulher tinha o cheiro que me faz apaixonar. A pele clara como um luar de inverno e os pelos mais negros que já vi na vida.
As vezes sinto alguma coisa, as vezes sinto saudades.
Luís Fabiano.
A paz, a agulha se enterra lentamente, pra curar ou morrer.
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